
Quando se fala em consolas de videojogos, o preço é sempre um dos primeiros fatores que os jogadores consideram.
Embora as consolas estejam cada vez mais caras – estou a olhar para ti PS5 Pro – tradicionalmente as consolas eram peças concebidas para oferecer uma excelente relação entre custo e desempenho.
Contudo, ao longo da história, existiram várias consolas a sair desse padrão. Quais foram, afinal, as consolas mais caras de sempre? E como se comparam os seus preços de lançamento com os valores ajustados à inflação nos dias de hoje?
Neste artigo, damos um salto ao passado e comparamos os preços originais com os valores atualizados em euros, considerando a inflação até 2025. Prepara-te para algumas surpresas.
10. PlayStation (Sony, 1995)
Preço original: $299 USD
Preço ajustado à inflação: €580 (aprox.)
A primeira PlayStation, lançada no Japão em 1994 e no Ocidente em 1995, foi o ponto de viragem que colocou a Sony no centro da indústria dos videojogos. Criada após um acordo falhado com a Nintendo, a consola apostou forte nos gráficos 3D e numa arquitetura pensada para atrair estúdios externos — e resultou. Jogos como Final Fantasy VII, Gran Turismo, Metal Gear Solid e Resident Evil tornaram-se clássicos instantâneos. Com mais de 100 milhões de unidades vendidas e um catálogo que ultrapassou os 4.000 títulos, a PlayStation não só destronou gigantes como a Nintendo e a Sega, como redefiniu o que era ser gamer nos anos 90.
Crédito da imagem: PlayStation
9. Xbox One (Microsoft, 2013)
Preço original: $499 USD
Preço ajustado à inflação: €635 (aprox.)
A Xbox One marcou o regresso da Microsoft ao campo de batalha das consolas em 2013, com uma aposta ambiciosa: ser mais do que uma consola, um verdadeiro sistema “tudo-em-um” para jogos, filmes, TV e streaming. Com uma arquitetura x86-64 da AMD, a Xbox One abandonou o caminho técnico da geração anterior e apostou numa integração maior com o ecossistema Windows, com funcionalidades como gravação de clipes, streaming para PC e integração com Twitch. Apesar de críticas à interface inicial e à insistência no Kinect, a consola evoluiu com modelos como a Xbox One S e a poderosa Xbox One X, esta última focada em jogos a 4K. Foi também nesta consola que nasceu o Xbox Game Pass, que é hoje uma das apostas principais da marca.
Crédito da imagem: Xbox
8. PlayStation 3 (Sony, 2006)
Preço original: $499 USD
Preço ajustado à inflação: €710 (aprox.)
A PlayStation 3 foi a aposta ousada da Sony para a sétima geração de consolas, estreando-se no Japão a 11 de novembro de 2006 e chegando à Europa em março de 2007. Com um design futurista e o Blu-ray como suporte principal, foi a primeira consola da Sony com suporte nativo para jogos em alta definição e com ligação à internet através da PlayStation Network. A PS3 arrancou com vendas fracas devido ao seu preço elevado e ao lançamento complicado, mas recuperou terreno com o modelo Slim em 2009, que reduziu o tamanho e o custo, embora sacrificasse a retrocompatibilidade com a PS2. Mais tarde, a versão Super Slim refinou ainda mais o design. Apesar do arranque tremido, a PS3 tornou-se numa consola memorável com títulos como The Last of Us, Uncharted 2, Metal Gear Solid 4 e God of War III, encerrando o seu ciclo de vida como uma das máquinas mais influentes da geração.
Crédito da imagem: PlayStation
7. Sega Saturn (Sega, 1995)
Preço original: $399 USD
Preço ajustado à inflação: €750 (aprox.)
A Sega Saturn foi uma das apostas mais ousadas da Sega, lançado em 1994 no Japão com um arranque promissor — mais de 500 mil unidades vendidas até ao Natal. No entanto, a sua chegada ao Ocidente foi caótica: a Sega antecipou a estreia nos EUA para surpreender a concorrência, mas falhou na logística e oferta de jogos, enquanto a Sony contra-atacava com o anúncio da PlayStation a um preço 100 dólares mais barato. A Saturn estreou por 399 dólares — o equivalente a cerca de 750 euros hoje com a inflação — tornando-se um dos sistemas mais caros da sua geração. Para compensar o preço elevado, a Sega chegou a incluir três grandes títulos com a consola: Daytona USA, Virtua Cop e Virtua Fighter 2. Apesar de manter alguma força no Japão, a Saturn foi ultrapassado no Ocidente pela PlayStation e Nintendo 64. O fim prematuro foi selado quando a própria Sega admitiu que a Saturn já não era o futuro, abrindo caminho à Dreamcast. Ainda assim, o Saturn deixou clássicos como Panzer Dragoon Saga, Shining Force III e The House of the Dead — e uma lição amarga sobre timing e comunicação no mercado global.
Crédito da imagem: Sega
6. PlayStation 5 Pro (Sony, 2024)
Preço original: €799,99
Ainda está disponível nas lojas
A PlayStation 5 Pro chegou ao mercado a 7 de novembro de 2024 e rapidamente se tornou uma das consolas mais caras de sempre, com um preço de lançamento de 799 euros. Esta versão reforçada da PS5 promete mais poder gráfico, com uma GPU 45% mais rápida, ray tracing duas vezes superior ao modelo base, e suporte para a nova tecnologia de upscaling PSSR (PlayStation Spectral Super Resolution). A Sony equipou a consola com um SSD de 2 TB, compatibilidade com Wi-Fi 7 e até saída de vídeo em 8K — mas sem leitor de discos incluído. Apesar das promessas de 4K a 60fps em jogos otimizados e melhorias em mais de 8.500 títulos da PS4, a receção foi mista: enquanto os estúdios internos já testavam o hardware desde 2023, o público criticou o preço elevado face às melhorias relativamente modestas. Ainda assim, a Sony defende a aposta, dizendo que o modelo Pro é para jogadores exigentes que querem o máximo desempenho possível.
Crédito da imagem: PlayStation
5. Atari 5200 (Atari, 1982)
Preço original: $269 USD
Preço ajustado à inflação: €785 (aprox.)
A Atari lançou a 5200 em 1982 como a sucessora ambiciosa da lendária 2600. Mas o que devia ser um salto geracional transformou-se num tropeção técnico. A consola tinha hardware avançado para a época, gráficos decentes e som melhorado, mas foi travada por um dos piores comandos de sempre. O joystick analógico era suposto dar precisão, mas o design sem auto-centralização era um desastre. Era difícil de controlar, frágil, e acabou por sabotar a experiência de jogo. A maioria dos títulos eram versões melhoradas — ou nem tanto — dos clássicos da 2600, o que não ajudou a justificar a troca. Vendida por cerca de 269 dólares na altura, hoje isso seria mais de 860 euros com inflação. Um preço alto para uma consola que nunca se conseguiu impor. Foi descontinuada em menos de dois anos e é lembrada como um exemplo claro de como até boas ideias podem falhar redondamente.
Crédito da imagem: Atari
4. Atari 2600 (Atari, 1977)
Preço original: $199 USD
Preço ajustado à inflação: €926 (aprox.)
Lançada em 1977 por 199 dólares, a Atari 2600 foi a consola que pôs os videojogos na sala de estar de milhões. Com apenas nove jogos no arranque, foi recebida com frieza — vendeu 250 mil unidades no primeiro ano, e em 1978 foi um desastre tão grande que levou à saída do próprio fundador da Atari, Nolan Bushnell. Mas a história virou rapidamente. Quando os programadores começaram a puxar pelas entranhas da máquina, a coisa explodiu. Em 1980, com o lançamento de Space Invaders, a Atari 2600 tornou-se um fenómeno. As vendas duplicaram ano após ano, atingindo quase 8 milhões em 1982. Nos anos seguintes, surgiram versões redesenhadas como o Woody, o Vader, e até uma edição para o Japão — a Atari 2800, que não resistiu ao embate com a Nintendo. A 2600 foi muito mais do que uma consola — foi o pontapé de saída para uma indústria inteira. E sim, teve comandos manhosos e clones do Pong até dizer chega, mas sem ela, hoje provavelmente não estávamos aqui a falar de consolas.
Crédito da imagem: Atari
3. Intellivision (Mattel, 1980)
Preço original: $299 USD
Preço ajustado à inflação: €1.085 (aprox.)
Lançada em 1979 pela Mattel, a Intellivision (junção de “intelligent” e “television”) prometia algo ambicioso: jogos mais realistas e estratégicos, especialmente no desporto — e, para a época, até cumpria. Enquanto os rivais ainda andavam a brincar aos quadrados, a Intellivision dava cartas com gráficos e som um pouco mais evoluídos. Em 1981, já tinha conquistado quase 20% do mercado americano, com mais de 3,75 milhões de consolas vendidas e cerca de 20 milhões de cartuchos até 1983. Não era pouca coisa. A Mattel até criou um autêntico exército de programadores — mais de 100 — numa altura em que os videojogos ainda estavam a sair das fraldas. Mas o sucesso foi curto. Em 1984, depois da crise que abalou a indústria, a Mattel vendeu os direitos a antigos funcionários, dando origem à INTV Corporation, que continuou a lançar jogos até 1990. A consola acabou por cair no esquecimento para o público geral, mas manteve o seu lugar na história — e em 2009, a IGN colocou-a no 14.º lugar das melhores consolas de sempre. Se não fosse tão cara e se tivesse resistido melhor à avalanche da Nintendo e companhia, talvez hoje disséssemos "jogar à Intellivision" em vez de "jogar à consola". Mas não foi o caso.
Crédito da imagem: Mattel
2. 3DO Interactive Multiplayer (Panasonic, 1993)
Preço original: $699 USD
Preço ajustado à inflação: €1.370 (aprox.)
Anunciada em 1993, a 3DO prometia revolucionar o mundo dos videojogos.
Desenvolvida pela The 3DO Company, do fundador da Electronic Arts, Trip Hawkins, e fabricada pela Panasonic, a consola apresentava-se como um sistema multimédia de nova geração, com hardware 32-bit e capacidades gráficas de fazer inveja à concorrência… no papel.
O grande problema? O preço. Lançada a custar cerca de 700 dólares (um valor absurdo na altura), a 3DO posicionou-se como produto de luxo, e isso matou-a antes sequer de começar a competir com a Sega e a Sony. Pior ainda, o modelo de negócios era confuso: a 3DO Company licenciava o hardware a terceiros (como a Goldstar e Sanyo), mas sem coordenação eficaz entre hardware e software. Resultado? Poucos jogos no lançamento, e uma oferta inconsistente nos anos seguintes.
Apesar de ter sido eleita “Produto do Ano” pela Time Magazine em 1993, a consola rapidamente caiu no esquecimento. O modelo da Goldstar chegou a ser vendido com prejuízo, e mesmo assim não conseguiu ganhar tração no mercado. Em 1996, a consola foi oficialmente descontinuada, e o sonho do Trip Hawkins foi com ela. Ainda assim, a 3DO conseguiu criar algum impacto na Coreia do Sul, onde a LG investiu mais seriamente no sistema. Mas a nível global, ficou marcada como um dos maiores falhanços de sempre nos videojogos — uma lição sobre como não lançar uma consola.
Crédito da imagem: Panasonic
1. Neo Geo (SNK, 1990)
Preço original: $649 USD
Preço ajustado à inflação: €1.450 (aprox.)
Lançada em 1990 pela SNK, a Neo Geo não era uma consola qualquer — era uma promessa de levar a experiência dos salões de arcada para casa, sem compromissos. O sistema foi lançado em dois formatos: o MVS (para arcadas) e o AES (para o lar), ambos com o mesmo hardware. Mais tarde, em 1994, chegaria a versão Neo Geo CD.Na prática, o que jogavas na AES era exatamente o que tinhas na máquina da esquina — sem downgrades, sem truques. Mas essa fidelidade tinha um preço: 649 dólares na altura, o que, ajustado à inflação, equivale hoje a cerca de 1.500 euros. E os jogos? Também caríssimos. Era um luxo absoluto, e só os colecionadores mais hardcore é que conseguiram justificar o investimento.
Ainda assim, a Neo Geo criou séries lendárias como Metal Slug, The King of Fighters, Fatal Fury e Samurai Shodown. O MVS foi um sucesso nas arcadas, graças ao sistema de cartuchos intercambiáveis que poupava espaço e dinheiro aos operadores. Apesar do seu nicho e preço proibitivo, a Neo Geo ganhou estatuto de culto. Foi produzida durante sete anos, com os últimos jogos a sair até 2004 — um feito impressionante. Hoje, é sinónimo de qualidade arcade e de um tempo em que jogar em casa como na sala de jogos era um sonho para poucos.
Crédito da imagem: SNK
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Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.
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