Hyrule Warriors: Age of Imprisonment (análise) - Regresso ao passado com tropeços pelo caminho
- por Pedro Gomes
- 13 de novembro, 2025
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A série Hyrule Warriors já conta com 11 anos de história e, com o seu terceiro título, o projeto estreante do novo estúdio da Koei Tecmo – AAA Games Studio, a ação de estilo Musou está mais uma vez de volta ao lendário mundo de Zelda, Link e companhia, através de Age of Imprisonment. Colocando o nosso vasto elenco de personagens contra quantidades absurdas de inimigos, este título serve como um forte teste às capacidades aprimoradas da Switch 2, marcando o abandono por completo destes spin-offs à consola original, focando-se agora unicamente no novo modelo.
Nesta prequela que acrescenta contexto adicional às tiradas mais recentes de Link em Breath of The Wild e Tears of The Kingdom, resta saber se este título carregado de ação e lutas constantes corresponde às expectativas dos fãs da série Warriors no seu geral e também da franquia de The Legend of Zelda.
Sobre Hyrule Warriors: Age of Imprisonment
Plataforma testada: Nintendo Switch 2:
Data de lançamento: 6/11/2025
Preço oficial: 59,99€
Género: Hack and slash
Uma viagem ao passado
Age of Imprisonment leva-nos de volta ao passado após os eventos iniciais de Tears of the Kingdom que separam Link e Zelda, acabando a princesa por ser transportada para uma época primordial do reino de Hyrule onde ficamos a conhecer os primeiros reis, Rauru e Sonia. Infelizmente para a nossa protagonista, esta foi uma péssima era para aterrar em termos da história do reinado, já que o temível Ganondorf está prestes a dar os derradeiros passos para concretizar o seu plano de subir ao poder.
Para colocar um travão a estes planos, Rauru vai ter que unir todas as regiões de Hyrule e, com a ajuda dos Sages espalhados pelo expansivo reinado, fazer frente às hordas de inimigos que aparecem pela nossa frente. Também a lutar pelo mesmo objetivo, ainda que por outros motivos, estão Calamo, o Korok falador que procura um sítio para se plantar, e o misterioso Construct, que vão ser igualmente essenciais para virar o rumo deste épico confronto.
A narrativa é decente e serve adequadamente como motor para toda a ação, ainda que o foco esteja claramente na jogabilidade em si. Com voice acting competente que inclui o regresso de várias vozes para reinterpretar os seus papeis e novas inclusões que não desapontam, a história serve para dar alguma profundidade acrescida ao mundo construído em BotW e TotK, ainda que não seja nada transcendente e, para quem não seja fã deste género, não irá perder detalhes que não tenham sido abordados de forma ligeira nos jogos principais.
Imagem capturada por Geekinout.pt
Bom combate, experiência repetitiva
Pertencendo este título ao género Musou, o verdadeiro elemento de destaque aqui são as lutas contra quantidade absurdas de inimigos, algo que aqui não está certamente em falta. Praticamente do início ao fim de Age of Imprisonment, a ação passa toda por desfazer exércitos a comando de Ganondorf, colocando centenas de adversários mais básicos que não apresentam grande ameaça para a nossa party e unidades mais imponentes que são os verdadeiros obstáculos à progressão. Com uma entourage de personagens jogáveis crescente trazendo consigo novas combinações de ataque para dominar, Zonai Devices que dão ao jogador diferentes maneiras de espalhar o caos nas batalhas, habilidades para ripostar com contra-ataques especiais e team-ups que são devastadoras e bem animadas, não há falta de variedade. Com movimentos fluidos, ataques cinemáticos satisfatórios e variedade de personagens por onde escolher, o sistema de combate não deixa de ser bem executado e nota-se bem que foi o foco da atenção.
Também pela positiva, a inclusão de secções on-rail a bordo do Construct são pontos altos da experiência. Voando pelos céus de Hyrule, visitando locais do reinado com uma vista diferente do resto do jogo, o objetivo é eliminar as forças áreas de Ganondorf, seja para chegar a um objetivo outrora inalcançável ou para proteger os nossos aliados. Adicionando um pouco de variedade de jogabilidade com mecânicas simples de aprender e quebrando o ritmo das tarefas abaixo das nuvens... algo que me leva ao meu próximo ponto.
Num aspeto onde há falta de variedade é no tipo de inimigos mais fortes que encontramos ao longo das várias missões. Não tarda muito até que Age of Imprisonment comece a repetir o mesmo oponente até ao ponto em que o meu entusiasmo começou a transformar-se em aborrecimento. Com tanta variedade de opções ofensivas para as nossas equipas, é de estranhar que o estúdio não tenha acrescentado um leque mais alargado de figuras mais desafiantes para defrontar, optando antes por incluir elementos diferentes para diluir um pouco a monotonia, ainda que essa não seja uma solução que resulte durante muito tempo. Lançando até pares dos mesmos rivais para acelerar o enjoo, o meu cérebro começou a temer os momentos em que o objetivo variava entre "Derrota o Boss Bokoblin" ou "Derrota o Frost Talus" e afins pela enésima vez, colocando barras de vidas resilientes e esponjosas pela minha frente. Ainda que os Archfiends, inimigos principais da campanha, ofereçam um desafio diferente quando comparado com o resto, estes acabam por ser uma gota no oceano e, incrivelmente, também se repetem na história.
Imagem capturada por Geekinout.pt
Salvar Hyrule com a ajuda de um parceiro
Se procuras diversão a dois, Age of Imprisonment oferece o tradicional modo Split Screen e também o método GameShare, partilhando o jogo para outra consola Nintendo Switch 1 ou 2. Permitindo que cada jogador controle uma das personagens nas várias missões, podemos assim completar os vários objetivos como um grupo ou separar-nos e conquistar cada um deles de forma individual. É também possível alternar entre as várias personagens presentes em cada expedição, ainda que não haja a opção de troca entre membros que estejam ativamente a ser usados por um dos jogadores, algo que sobressai em ocasiões nas quais só existem 2 apenas membros jogáveis na nossa party em alguns mapas. Além disso, existem os raros casos em que existe apenas um único heroi disponível, tornando impossível uma passagem 100% cooperativa pela campanha.
Para acomodar a ação a duplicar, o título reduz o seu alvo de FPS em metade para 30, tornando toda a experiência menos fácil de digerir quando comparando com as aventuras a solo, mas mesmo essa taxa não é garantida. Em grandes aglomerados de inimigos, tive ocasiões em que o jogo se tornava numa apresentação de PowerPoint autêntica, levando a taxa de quadrados bem abaixo do alvo durante alguns segundos.
Só fazendo algumas missões para testar o modo cooperativo pelo meio das minhas horas com o jogo, considero que este título seja uma experiência interessante a dois, apesar do foco de Age of Imprisonment ser claramente no modo a sós, justificando assim algumas das concessões que devem ser tidas em conta.
Imagem capturada por Geekinout.pt
Conteúdo “secundário” extremamente repetitivo
Além das missões principais, existem imensas missões secundárias para completar que recompensam o jogador com XP para nivelar as nossas personagens, Rupees úteis para melhorar as nossas armas e comprar itens em merchants e outros consumíveis para satisfazer as delivery quests igualmente espalhadas por Hyrule. Em certas missões, é também possível recrutar novos elementos para as nossas equipas, ainda que estas sejam, no seu geral, inclusões menos memoráveis e tenham acabado esquecidas por mim em grande parte.
Se procuras conteúdo opcional para inchar as tuas horas de jogo, Age of Imprisonment não hesita em encher os mapas disponíveis com pontos que visavam constantemente a minha OCD e me deixaram num profundo dilema. Enquanto que, inicialmente, o volume de missões secundárias era introduzido de forma mais contida, este número foi inflacionado constantemente conforme ia visitando novas áreas no extenso mapa até ao ponto que defrontei o meu pior inimigo, eu mesmo.
Apesar da quantidade volumosa, estas missões são quase todas extremamente parecidas: conquistar pontos no mapa, derrotar um inimigo mais forte com barras de vida volumosas e pouco mais, incluindo por vezes um tempo limite para variar. Por muito que quisesse ver o mapa a iluminar de azul, sinalizando que tudo o que era secundário estava completo, libertando as várias regiões da opressão das forças de Ganondorf, as sensações de monotonia e aborrecimento tornaram-se cada vez mais impossíveis de ignorar até que, relutantemente, me foquei na história principal, deixando cada visita ao mapa tornar-se numa memória cruel do meu falhanço face a este inimigo insidioso, apenas voltando a estas missões para evitar estar underleveled para as missões principais, algo que foi acontecendo com frequência no último terço do jogo.
Os mesmos inimigos repetidos ad nauseam, as seções do mapa que pouco variam entre si e os objetivos que em nada ajudavam em quebrar a monotonia, acabaram por tornar algo que deveria servir como uma boa distração para quebrar o ritmo da história em algo que apenas acentua a fadiga que as missões principais possam introduzir.
Visuais inconstantes, mas o desempenho faz a diferença
Uma das maiores críticas em relação a Hyrule Warriors Age of Calamity foi, sem dúvida, os seus problemas em relação ao desempenho. Com a meta dos 30 FPS definida, o título tinha imensa dificuldade em cumprir esse objetivo devido às montanhas de inimigos que advêm do género do jogo, mas isso é algo que conseguiu agora ser contrariado na sequela graças ao aumento de poder de computação da Switch 2. Felizmente, neste aspeto, Age of Imprisonment é uma boa melhoria, ao manter os 60 FPS de forma quase constante, ainda que sejam perceptíveis várias quebras em grandes ajuntamentos de inimigos e os compromissos a nível de resolução estejam bem à vista no modo portátil.
Imagem capturada por Geekinout.pt
A nível visual, o jogo inclui animações suaves e efeitos brilhantes e coloridos que sobressaem nos mapas que são por si mais neutros, transmitindo de forma nítida o que acontece durante o combate. A nível de cinemáticas, o estúdio optou por incluir vídeos pré-renderizados que, além de incharem, e bem, o espaço que o título ocupa na memória da consola, trazem consigo um cap de 30 FPS, blooming e cores sem vida, resultando num aspecto visual inferior, em algo que considero ser uma das raras ocasiões na qual os momentos cinemáticos durante o gameplay são bem mais agradáveis para a vista, quando em comparação.
Quanto a problemas técnicos, o jogo comportou-se de forma exemplar durante as minhas horas no passado de Hyrule, sem crashes ou bugs que tenha reparado, resultando num pacote sem grandes problemas neste quesito.
Prós:
História interessante que vai encantar fãs do universo Zelda;
Combate com várias combinações e técnicas para dominar;
Inclusão de 60 FPS destaca bem esta sequela dos seus antecessores em termos de satisfação;
Secções on-rail são uma boa adição para acrescentar variedade.
Contras:
As cinemáticas são insatisfatórias;
Repetição enjoativa do mesmo tipo de atividades e inimigos principais;
Conteúdo “opcional” reforça a natureza repetitiva do jogo sem quebrar a monotonia;
Veredicto
Hyrule Warriors: Age of Imprisonment traz consigo uma boa dose de ação Musou, repleta de personagens para desbloquear, ferramentas de destruição para usar de forma efetiva e uma jogabilidade suave que beneficia imenso da inclusão dos 60 FPS. Com uma história que não quebra barreiras, mas é perfeitamente adequada e agradará aos fãs de Zelda, este título sofre imenso devido à monotonia que inflige no jogador, apenas tendo as secções on-rails a bordo do Construct aliado para variar o tipo de atividades. Também com as cinemáticas com aspecto descolorido, vários artefactos e baixa resolução e também conteúdo "opcional" extremamente repetitivo que acaba por ser obrigatório para não estarmos underleveled, este falha em ser um título que podia abrir as portas do género a um maior número de pessoas, acabando ao invés disso por ser apenas decente dentro do mesmo, enquanto que quem estiver curioso e queira alargar os seus horizontes irá sofrer com os problemas de repetição de bosses e inimigos principais que o irão levar ao aborrecimento.
Pedro Gomes
Um verdadeiro amante de videojogos desde muito cedo e sendo o seu hobby preferido sempre, o Pedro tenta agora, como um adulto irresponsável, arranjar tempo para uma jogatana quando os seus dois demónios peludos favoritos o permitem.
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