Opening Night Live 2025: um espetáculo aborrecido que mostra o estado da indústria
- por Jorge Loureiro
- 20 de agosto, 2025
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Mais um ano, mais uma Opening Night Live de Geoff Keighley. E, sinceramente, mais um fiasco.
O evento que devia marcar o arranque da Gamescom 2025 foi, acima de tudo, um desfile de trailers sem alma, organizados não por relevância, mas por quem está disposto a pagar mais para aparecer.
Já a Summer Game Fest de junho tinha sido uma desilusão, e começa a tornar-se tradição: os eventos do Sr. Keighley prometem muito, mas entregam pouco. No final, só me apetecia pedir de volta as 2 horas e meia da minha vida que perdi ali (foram 2 horas de evento principal mais 30 minutos de pré-show)
Logo no início, Keighley atira a frase de que “a E3 não morreu, apenas se mudou para Colónia”. Como alguém que esteve várias vezes no Convention Center de Los Angeles durante a E3, não posso deixar passar esta comparação. A verdade é que a ONL de ontem, quando colocada lado a lado com a E3, só serve para mostrar o quão desligado da realidade Keighley parece estar.
@geekinout.pt Opinião: Opening Night Live da Gamescom 2025 foi uma seca e mostra o estado lastimável da indústria. Também achaste o mesmo do que eu? #gamescom2025 #videojogos #gamingcommunity #openingnightlive
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Fake hype, contas gordas
Os preços falam por si: um trailer de 30 segundos no Main Show custa 140 mil euros; um de 180 segundos chega aos 465 mil euros. Sim, quase meio milhão de euros por três minutos de tempo de antena. Claro que há espaço editorial reservado a anúncios “relevantes”, mas olhando para o alinhamento, fica a sensação que o critério principal não foi entusiasmar os jogadores, mas sim engordar a conta bancária do senhor Keighley.
O resultado? Um espetáculo morno, com entusiasmo forçado e “fake hype” a rodos. Geoff aparece sempre sorridente e excitado, mas é difícil não ver a ONL como um grande infomercial pago a peso de ouro.
E quanto ao conteúdo? Tivemos Call of Duty: Black Ops 7, que parece mais do mesmo, um Resident Evil Requiem que, francamente, parece promissor, mas o trailer de ontem soube a pouco. O anúncio de Black Myth: Zhong Kui no final foi uma agradável surpresa, mas resumiu-se a um trailer cinemático que não mostrou nada. Não há data de lançamento e os detalhes sobre a sequela são escassos.
No geral, pareceu que muitos dos anúncios e trailers podiam ter sido um email ou um tradicional press release.
O problema não é só o evento. É a indústria. Hoje parece que a originalidade morreu e o melhor que se consegue oferecer são variações da mesma fórmula: zombies, ação em terceira pessoa, combate pesado e histórias que já ouvimos mil vezes.
Uma amostra do estado da indústria
A ONL 2025 foi, de certa forma, um reflexo do estado atual dos videojogos: poucas novidades, pouca ousadia e demasiada repetição. A promessa de um grande espetáculo global transformou-se numa feira de trailers que não emocionam. Os trailers aparecem e desaparecem mais rápido do que balas. São tão curtos que acabam por mostrar pouco, insuficiente para sequer perceber que jogo estamos a ver.
E a culpa, em parte, está na forma como Geoff Keighley gere estes eventos. Em vez de criar um espaço que celebre os videojogos e surpreenda os jogadores, transforma-os em blocos publicitários disfarçados. E enquanto os euros continuarem a entrar, não parece haver vontade de mudar.
A Opening Night Live 2025 foi aborrecida. Foi um evento sem ritmo, sem grandes surpresas e que deixou no ar uma questão desconfortável: se este é o palco mais importante da indústria neste momento, será que a própria indústria está esgotada? Geoff Keighley pode tentar vender-nos a banha da cobra do “maior espetáculo de videojogos do ano”. Mas quem viu sabe: foi só mais uma feira de trailers pagos, com mais euros do que emoção.
No final do da ONL, Geoff Keighley já deixou o anúncio para o The Game Awards de 2025, agendado para 11 de dezembro. Costuma ser um evento com maiores novidades, mas tendo por base o Summer Game Fest e agora a Opening Night Live, não vejo um presságio positivo.
Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.
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