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Videojogos voltam a ser associados a tiroteios em massa

Jogos Violentos Tiroteios
Crédito da imagem: EA Games

Os videojogos estão novamente a ser associados a tiroteios em massa nos Estados Unidos, apesar de a investigação científica ter repetidamente refutado essa hipótese.

O secretário da Saúde norte-americano, Robert F. Kennedy Jr., sugeriu recentemente (via The Daily Beast) que pode existir uma ligação entre videojogos e a violência armada nos Estados Unidos. A declaração foi feita durante um evento da comissão Make America Healthy Again, onde Kennedy defendeu que:

“Há fatores dos anos 90 que podem explicar o aumento de tiroteios, como a dependência de drogas psiquiátricas… e possíveis conexões com videojogos e redes sociais”.

A tentativa de associar videojogos a tiroteios em massa não é nova. Desde os anos 90 que várias figuras políticas têm procurado culpar os videojogos como um catalizador para comportamentos violentos. Contudo, ao longo das últimas décadas, estudos científicos têm consistentemente rejeitado qualquer correlação entre jogar videojogos violentos e a prática de crimes reais.

Eis alguns exemplos:

  • American Psychological Association (APA) – tarefa de avaliação sobre videojogos violentos (2017)
    A APA concluiu que, embora o uso de videojogos violentos esteja associado a algum aumento na agressividade, não há evidências suficientes para ligá-los a actos criminais ou tiroteios em massa.

  • Artigo da APA (março de 2020): comportamento violento e videojogos
    A organização reafirma que a violência é um problema social complexo, e não provado que videojogos sejam uma causa direta de comportamentos violentos.

  • NeuroScience News (2019): videojogos muitas vezes acusados quando o autor é branco
    O estudo destaca que videojogos são alvo de críticas mais frequentes quando o responsável por tiroteios em massa é branco, revelando um viés racial no discurso público.

  • Virginia Tech GAMER Lab: impacto negligível em crime violento
    James Ivory e a sua equipa concluíram que não existem provas de que videojogos causem crimes violentos graves, sublinhando que a correlação com tiroteios em massa é quase inexistente.

  • Comparação entre os EUA e a Suíça sobre violência armada
    O estudo publicado em Aggression and Violent Behavior (setembro de 2024) revela que a Suíça — apesar da elevada posse de armas — apresenta taxas baixíssimas de homicídios, sugerindo que fatores sociais e legislativos são determinantes, não videojogos.

Apesar das provas em contrário, os videojogos continuam a ser usados como bode expiatório... porque é claramente mais fácil culpar os videojogos do que reconhecer que os Estados Unidos precisam de afinar a sua política sobre controlo de armas, saúde mental e desigualdade social.

Além disso, comparações como a feita por Kennedy com a Suíça são frequentemente incompletas.

Embora ambos os países tenham taxas semelhantes de posse de armas, a legislação suíça é muito mais restritiva, e apenas ex-militares podem manter armas em casa. A diferença, portanto, não reside nos videojogos — que são igualmente consumidos nos dois países — mas em fatores políticos e sociais.

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Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.