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Shinobi Art of Vengeance (análise) | A arte marcial de um bom jogo

Shinobi Art of Vengeance Analise
Imagem capturada por Geekinout.pt

Graças à iniciativa da SEGA de voltar a trazer à ribalta algumas das suas franquias que já não recebem atenção há largos períodos de tempo, no qual Shinobi foi um dos 5 que mereceu pertencer ao grupo inicial, temos conosco o primeiro título após 14 anos de puro silêncio de Joe Musashi. Não que o mestre das artes marciais seja de muitas palavras, mas já lá ia algum tempo desde que esta franquia, que deu os seus primeiros passos nos Arcades e na Master System, recebia novo conteúdo!

Desta vez produzido pelo talentoso estúdio Lizardcube, estúdio parisiense reconhecido pelos lançamentos de Wonder Boy: The Dragon’s Trap e Streets of Rage 4, temos nas nossas mãos um platformer beat-em-up que promete trazer lutas cheias de adrenalina. Com ampla disponibilidade em consolas através da PS4/5, Xbox One e Series S/X e ambas as Nintendo Switch, além da sua presença no PC através da Steam, sobreviverá este reboot à prova de fogo para ver se clássicos como este podem ter uma nova vida com sucesso?


  • Data de lançamento: 26/08/25

  • Plataforma testada: PS5

  • Outras versões: Nintendo Switch, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series X | S

  • Editora: SEGA

  • Preço: 29,99€


Uma história de vingança

Joe Musashi vivia a sua vida de forma pacifica, gerindo o seu próprio dojo, com uma esposa e um filho prestes a vir ao mundo, só que o destino ditaria que o mestre das artes marciais não disfrutasse desta paz durante muito tempo. Com forças hostis inumeráveis a surgir do nada, o nosso protagonista vê a sua pacata vila a ser invadida e destruída pela ENE Corp e o terrível Ruse, vilão este que petrifica grande parte dos aprendizes de Joe sem chance de este ripostar. Para se vingar desta ofensiva não merecida, Musashi parte numa aventura para reverter o mal que assolou a sua casa e por um fim à vida de quem orquestrou esta invasão.

Passando por desertos áridos com templos misteriosos, bases militares gigantescas e até fazendo uma visita ao interior de um Kaiju, a nossa missão levar-nos-á a locais bem variados enquanto causamos uma disrupção nas operações da corporação inimiga e destruímos vários dos seus pontos fulcrais.

Shinobi Art of Vengeance screenshotImagem capturada por Geekinout.pt

A história não perde muito tempo a entrar em alta rotação, espalhando a trama por diálogos bem interpretados na língua inglesa e japonesa em balões de diálogo, pequenas cinemáticas com desenhos de alto nível e bem fiéis ao estilo do jogo e, também, através do ambiente que nos rodeia, sendo este igualmente espetacular em termos visuais. Com algumas surpresas num enredo que é bastante focado e não perde tempo com palha, Art of Vengeance estabelece sempre o sentido de urgência em seguir o nosso caminho sem tempo para perder. Esta não será certamente merecedora de prémios nem nada do género, mas executa o seu papel de forma perfeita e é um bom elo de ligação entre as hostilidades. A única falha que sinto haver aqui é a ausência de um papel mais presencial do vilão principal ao longo da aventura, que quase só aparece no início e no fim do jogo.

Infelizmente, existe sempre uma crescente pressão de colocar uma história cada vez mais complexa para evitar cópias do que já existe em outras franquias ou títulos, o que é perfeitamente compreensivo, mas muitas das vezes acaba por ser um falhanço. Sofrendo de personagens que acabam por ser esquecidas assim que os créditos rolam, mundos sem originalidade e copiando obras de outros, ainda assim estando completamente despidos de personalidade, o truque muitas vezes é fazer o que os produtores do estúdio Lizardcube fez, focar-se em entregar uma história que não é uma obra de arte, mas não se mete no caminho ou age como detrator da diversão para quem só quer jogar e, efetivamente, divertir-se. Resumidamente, é simples, mas funciona, e às vezes é só isso que se precisa!

Ação marcial de alto nível

Nestes últimos anos em que esteve desaparecido, Joe Musashi teve tempo para refinar os seus dotes marciais e os seus avanços estão bem presentes em Art of Vengeance.

Equipado com a sua fiel espada que administra ataques normais e pesados de forma ágil e cuidada, o nosso moveset começa desde o início de forma bem letal, permitindo alcançar ataques consecutivos contra os adversários sem receber resposta atempada. Também conosco desde o princípio da nossa aventura estão os afiados shuriken que podemos arremessar meticulosamente para atingir oponentes que se acobardam e escondem atrás das linhas inimigas, podendo também ser interligados com as restantes combinações de ataques corpo-a-corpo. Acrescentando a isso, conforme progredimos nos vários níveis disponíveis e acumulamos dinheiro, podemos desbloquear novos combos que adicionam ainda mais variedade ao nosso leque mortal, permitindo que usemos as forças da ENE Corp como verdadeiras vítimas de malabarismo humano nas nossas mãos. Para métodos mais defensivos, temos a nossa fiel cambalhota ninja que, tanto no ar como no chão, fornece valiosos i-frames para que Musashi se desvie de situações perigosas.

Através da maestria da nossa Ninja Stance, podemos inclusivamente utilizar magia como a explosão de bolas de fogo à queima-roupa, lançamento de shurikens gigantes como um bumerangue que aniquila armaduras inimigas e até invocar o espírito de uma cobra gigante. Estes ataques Ninpo estão limitados a uma barra de recursos que se enche ao causar dano e recargas para esta parte do nosso kit podem ser encontradas pelo mundo fora.

Shinobi Art of Vengeance screenshot 2Imagem capturada por Geekinout.pt

Para usar de forma mais liberal temos os Shinobi Executions, que ficam disponíveis bem cedo no jogo e permitem que nosso protagonista entregue um golpe fatal em um ou vários inimigos ao mesmo tempo. De forma a usar esta arte marcial, temos que desferir dano suficiente aos nossos rivais de forma a preencher a barra de Execution abaixo da sua vida, com maior efetividade em ataques pesados e shurikens, acendendo assim uma marca bem visível por cima do pobre coitado que vai ser aniquilado. Ao executar esta técnica com sucesso, somos recompensados com dinheiro, shurikens e outros recursos bem úteis, sendo que quantos mais mauzões forem atacados por uma instância desta habilidade, os drops são multiplicados e a diferença é bem notável. Pensa nisto como um uso de Glory Kills nos DOOM, é algo que deve ser aproveitado para assegurar também a nossa sobrevivência em situações mais apertadas.

Por fim, a derradeira arte de Joe Musashi nesta tirada são as Shinobi Stance: 4 artes fortíssimas que estão dependentes da nossa Rage, preenchida por Rage Orbs, um dos recursos disponíveis através dos Shinobi Executions e também ao levar dano. Como os ultimate moves do nosso arsenal e sendo a habilidade que mais custa a ter disponível para utilizar, estes podem mudar o rumo dos encontros e devem ser usados de forma mais moderada. Existem 4 disponíveis ao longo da nossa missão e entre o poder de recuperar toda a nossa vida ou entregar golpes absolutamente demolidores às forças rivais, há que escolher bem qual deles utilizar.

Todas estas ferramentas são entregues de forma gradual e nunca me senti sobrecarregado em relação à variedade que o jogo dispõe, dando um bom sentido de progressão ao nosso protagonista até à reta final. Felizmente as forças da ENE Corp e de Ruse são variadas e posam um desafio bem ajustado do início ao fim do jogo, existindo ainda a presença de armadura que visa aumentar a durabilidade de vários inimigos, funcionando como hyperarmor e impedindo que estes reajam fisicamente ao dano infligido. Sendo mais dura de quebrar, são oferecidos métodos para nos desfazermos dela de forma mais eficaz, conseguindo assim mudar a abordagem de vários encontros.

O combate foi o principal foco do estúdio que não é de todo estranho a este estilo de beat’em-up 2D, como já puderam demonstrar em Streets of Rage 4. Efetuar elevados números de ataques sem levar dano é sempre um enorme prazer, já que Art of Vengeance faz questão de contabilizar esta métrica e cada golpe bem-sucedido traz consigo um ligeiro slow-motion que, sendo aliado ao design sonoro que entrega ênfase a cada ataque, resulta numa sensação de impacto excelente. Este combate é extremamente satisfatório e amei-o do início ao fim, comprovando que a SEGA colocou este título nas mãos perfeitas neste quesito.

Shinobi Art of Vengeance unlock new itemsImagem capturada por Geekinout.pt

Exploração e movimentos com toques de metroidvania

Além de trazer consigo um combate de alto nível, Art of Vengeance também apresenta aqui uma exploração bastante interessante, retirando algumas escolhas do género metroidvania. Ao longo da nossa cruzada, Joe Musashi vai aprendendo novas técnicas de movimento que abrem, literalmente, portas que antes estavam fechadas. Muros ou chão mais frágeis que carecem de um pouco de amor mais bruto? Uma plataforma que não chegas lá por um cabelo, mas estás quase lá? Bem, com alguma paciência e progresso no jogo, podes voltar atrás e descobrir os segredos que lá estão guardados. Ao contrário do habitual neste género e, considerando que este não é um verdadeiro metroidvania e não obriga assim a constante backtracking, aqui não encontras um mundo expansivo e interligado. Felizmente, tendo a opção de voltar livremente a níveis anteriores e, dentro de cada um destes, viajar rapidamente entre checkpoints, podes servir-te do minimapa bem detalhado para voltar a locais previamente inacessíveis e descobrir todos os colecionáveis disponíveis.

Entre encontros ferozes com os esquadrões de elite da ENE Corp, amuletos que te consagram buffs quando equipados, Oboro Relics que te permitem desbloquear novos combos e não só nas lojas, secções de plataformas completamente brutais e até itens que te dão acesso a um boss secreto, entre outras coisas de interesse, não faltam motivos para revisitar áreas já percorridas. Por falar em colecionáveis de interesse, não te esqueças de visitar o nosso guia sobre como encontrar os fatos alternativos para o mestre shinobi!

Outros dos grandes desafios presentes neste título são as várias secções de platforming ao longo dos níveis. Enquanto que algumas são completamente opcionais e contém “apenas” itens para colecionar, os caminhos principais também contém vários desfiladeiros mortais ou outras superfícies pouco recomendáveis que têm de ser ultrapassados com recurso ao nosso trabalho delicado de pés, muitas vezes colocando o nosso crescente potencial de mobilidade em teste. Aqui senti que Musashi se comportava um pouco pior, principalmente em áreas mais exigentes dentro deste género, levando-me por vezes ao desespero. Os controlos são um pouco mais rígidos neste aspeto e complicam-se em passagens mais estreitas, levando a várias mortes por vezes injustificadas. Não é de todo algo horrível, mas fica uns furos abaixo de outros que já joguei.

Shinobi Art of Vengeance screenshot 3Imagem capturada por Geekinout.pt

Estiloso e vistoso

Com um estilo artístico bem empregue, graças a arte desenhada à mão, replicando o que tinham aplicado também em Streets of Rage 4, Art of Vengeance é uma delícia de se ver. A variedade de ambientes e vistas pelas quais passamos estão todos executados de forma eximia, ricos em detalhe e demonstrando o nível de atenção que recebeu. Não é claramente um Death Stranding ou um Alan Wake 2, por exemplo, mas aqui o objetivo não é fazer algo hiper-realista e sim algo mais artístico, respeitando as origens da franquia, parecendo-me fazer isso com grande sucesso. Jogando este título num modelo base da PS5 que oferece uma performance imaculada e ligando a uma boa TV faz toda a diferença, deixando as cores vibrantes brilhar, sendo este título um verdadeiro prazer de jogar.

A trilha sonora é também de alto nível, protagonizada por Tee Lopes, com quem já estou familiarizado devido ao seu trabalho em Sonic Mania, e Yuzo Koshiro, que contribuiu para Streets of Rage 4, entregam excelentes faixas, ainda que tenha sentido falta de variedade nas músicas em lutas contra grande parte dos bosses. Tal como tinha mencionado, o design sonoro no combate e restantes efeitos sonoros é igualmente de alto nível e tudo em sintonia resultam numa excelente experiência neste aspeto, encaixando que nem uma luva no tipo de jogo.

Em termos de bugs e estabilidade tive alguns problemas, desde 2 crashes na segunda metade do jogo e uma altura em que tive que sair forçosamente do nível, já que ao sair do menu da loja do jogo, o meu ecrã ficou preto e apenas conseguia ouvir o som dos meus movimentos e da banda sonora. Também observei algumas imperfeições nas animações dos inimigos, que por vezes voavam ligeiramente enquanto corriam no ar.

Em suma, tirando alguns problemas na componente mais técnica, Art of Vengeance não deixa de ser um título muito bem conseguido em termos de apresentação no seu geral, mas talvez precise de algumas ligeiras atualizações para colmatar os problemas mencionados.


Prós e Contras

Prós:

  • Combate de alto nível e extremamente satisfatório de executar;

  • Visuais e trilha sonora maravilhosos;

  • Exploração estilo metroidvania muito bem aplicado;

  • Progressão bem distribuída sem sobrecarregar o jogador;

Contras:

  • Platforming um pouco rígido;

  • Alguns bugs e problemas técnicos ligeiros.


Um jogo excelente que se destaca dos demais dentro do mesmo género. Definitivamente, uma compra segura.

Veredicto

Shinobi Art of Vengeance veio com o intuito de reanimar esta franquia já esquecida por muitos, eu sendo um deles, e acho que o fez com bastante sucesso. A história é simples e não se intromete no foco que é a ação, o combate é espetacular, a exploração é de alto nível e tudo o resto desde visuais a banda sonora não pecam igualmente em qualidade. Não pedindo uma quantidade elevada de horas para uma passagem focada na história, sendo que a minha demorou cerca de 9 horas com alguma exploração, ainda que não tenha revisitado níveis por onde já tinha passado, este é um título excelente e com um preço perfeitamente ajustado ao que oferece. Apesar de alguns problemas ligeiros a nível técnico e movimentos de platforming por vezes um bocado rígidos, este é um reboot que merece bem a atenção de fãs do género e é, no seu geral, um jogo muito bem feito que espero despertar o interesse para mais eventuais jogos dentro universo do velho mestre shinobi.

Foto de Pedro Gomes - Autor na Geekinout
Autor

Pedro Gomes

Um verdadeiro amante de videojogos desde muito cedo e sendo o seu hobby preferido sempre, o Pedro tenta agora, como um adulto irresponsável, arranjar tempo para uma jogatana quando os seus dois demónios peludos favoritos o permitem.