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Sonic Racing: CrossWorlds (análise) | Karting Supersónico

Sonic Racing CrossWorlds analise
Imagem capturada por Geekinout.pt

Não é a primeira vez que o ouriço mais famoso da média global se aventura em corridas de karts, mas a grande diferença neste lançamento é que a própria Sonic Team tratou de desenvolver o título, em vez de optar por relegar a tarefa para o estúdio Sumo Digital. Numa série de spin-offs que já recebeu várias entradas ao longo dos anos desde a sua incepção em 1994 com Sonic Drift, está na hora de Sonic e o resto do elenco adquirido ao longo dos seus largos anos de história se juntarem mais uma vez para corridas que prometem ir além do seu próprio universo.

Com uma campanha de marketing que vincou a aposta forte em Crossworlds como uma alternativa a considerar perante Mario Kart World, resta saber se aqui temos realmente um jogo capaz de bater a sua competição mais direta. Será que o ouriço mais veloz da história dos videojogos se despistou e ficou pelo caminho, ou é desta que vai ser capaz de fazer tremer o domínio da franquia da Nintendo e estabelecer de vez o seu lugar neste espaço?


  • Versão testada: PS5

  • Género: Corridas

  • Editora: SEGA

  • Preço: 69,99€


Um largo elenco para alcançar a vitória

CrossWorlds traz até nós um elenco bem composto, repleto de personagens icónicas como o titular Sonic e os seus parceiros mais próximos Tails e Knuckes, os seus rivais diretos como Metal Sonic, Shadow e Dr. Robotnik e também imensas outras caras como Jet e os restantes Babylon Rogues de Sonic Riders ou Sage do mais recente Sonic Frontiers. Além destes representantes do universo do ouriço azul, a vocaloid Hatsune Miku encontra-se desde já disponível como personagem jogável e outras duas personagens icónicas de diferentes universos da SEGA, Ichiban Kasuga (Like a Dragon) e Joker (Persona), estão a caminho das pistas, havendo também DLCs pagos planeados que incluem caras do universo de Spongebob SquarePants e Minecraft que irão trazer com eles novos percursos para descobrir, além de muito mais conteúdo, pago e gratuito, ainda por anunciar. Distribuindo todas estas personagens em diferentes categorias que preenchem um foco diferente nas pistas, cada uma delas tem igualmente chances para ter o protagonismo de alcançar a vitória. Com mais de 30 condutores por onde escolher, todos eles disfrutam de uma divisão de pontos diferente ao longo dos vários stats como Velocidade, Aceleração, Condução, Poder e Boost, preenchendo nichos diferentes nas várias provas, sendo estes também complementados pelos diferentes veículos à nossa mercê, permitindo a customização dos seus atributos com várias partes que reforçam o desempenho pretendido.

Sonic CrossWorlds personagensImagem capturada por Geekinout.pt

Mas se todos estes aspetos são importantes para o desfecho nas provas, o fator decisivo é mesmo a nossa capacidade de condução e também a responsividade das mecânicas em si: e sim, CrossWorlds traz consigo um sistema bem robusto para o jogador controlar. Se já jogaste outros Kart Racers mais recentes como Mario Kart World, o que podes encontrar aqui vai-te ser bastante similar. Com a técnica para dar boost a cada começo de corrida, a necessidade de dar drifts em todo o tipo de curvas mais apertadas e vários itens capazes de semear o caos na pista, este título tornar-se-á bastante familiar desde o início, evitando ainda assim que haja uma cópia exata do que já existe no mercado. Apesar da familiaridade, as minhas horas iniciais foram passadas a dar cabeçadas com as diferentes nuances de curvar enquanto driftava pela pista, com os itens distintos a usar nas corridas e com a aprendizagem dos vários percursos que CrossWorlds oferece. Se consideras que aqui vais encontrar um “copy paste” de outros títulos, tenho a dizer que não é de todo o caso e que o estúdio conseguiu introduzir sistemas que aparentam ser similares, mas conseguem perfeitamente destacar-se da sua principal competição, não deixando ainda assim de oferecer uma condução bastante sólida e com entidade própria, ao ponto de saber que vou ter problemas em termos de memória muscular quando quiser reintegrar-me em sessões futuras dos títulos da Nintendo, principalmente nos drifts.

A competição AI é também extremamente competente, oferecendo inclusivamente um sistema de rivalidades que traz consigo bastantes interações que variam entre o espírito competitivo amigável e comentários mais de gozo, sem nunca sacrificar o ambiente de fair play entre o elenco. Com vários níveis de dificuldade existentes para ajustar o nível do nosso rival conforme nos vamos sentindo mais confiantes com as nossas capacidades de condução, o desafio aqui é extremamente exigente nos graus mais elevados e, mesmo em patamares mais baixos, não te espantes se o teu rival te deixar a comer pó.

Aventura-te pelos mundos

Um bom jogo de corridas vive e morre pela variedade de percursos que coloca ao nosso dispor e tenho a dizer que neste aspeto, CrossWorlds oferece uma quantidade sólida de conteúdo. Com 24 pistas divididas por 8 Grand Prix diferentes, podemos visitar várias localizações do universo Sonic a todo o gás, incluindo marcos mais recentes como o White Space de Sonic X Shadow Generations e Kronos Island de Sonic Frontiers, sem nunca esquecer Apotos de Sonic Unleashed ou Radical Highway de Sonic Adventure 2. Infelizmente, se és um fã de longa data como eu, que tive a minha estreia no mundo dos videojogos a jogar Sonic the Hedgehog na SEGA Mega Drive há quase 30 anos atrás, irás ficar um pouco desapontado com a ausência de inspirações retiradas da era 2D original do ouriço azul, optando por dar grande protagonismo à geração 3D da franquia, aproveitando até mapas de jogos menos consensuais por entre os fãs.

Ainda assim, todos os mapas estão executados em grande forma, com gráficos fiéis ao universo que se encontra, trazendo locais cheios de cores vibrantes, com uma boa variedade de biomas desde desertos a centros comerciais e museus com fósseis irrequietos, em percursos cheios de atalhos, caminhos secundários para aproveitar e obstáculos por superar. Para variar um pouco os terrenos, existem também secções que irão meter o nosso kart a voar pelos ares e outras que nos deixam a navegar por superfícies aquáticas, onde os nossos drifts irão comportar-se de forma ligeiramente diferente: enquanto que pelo meio marítimo as nossa barra de boost permite que o nosso kart salte na vertical para apanhar itens ou avançar obstáculos, pelo ar podemos desviar-nos em qualquer direção e dar um boost de velocidade temporário, resultando numa fórmula mais dinâmica do que encontras em Mario Kart.

Sonic Racing CrossWorlds splitscreenImagem capturada por Geekinout.pt

Pelo lado menos positivo, temos o aspeto quase claustrofóbico de algumas pistas que deixam as viaturas a bater umas nas outras que nem carrinhos de choque devido ao afunilamento excessivo dos limites das faixas, causando imensa confusão e caos desordeiro principalmente no início das corridas. Além disso, existe um ou outro percurso que contém certos troços da pista extremamente confusos e não-intuitivos, levando a despistes dificilmente evitáveis, principalmente enquanto não me ambientava ao layout dos mapas e à condução em si.

Os portais CrossWorlds

O verdadeiro elemento de surpresa em cada partida é o sistema de portais CrossWorlds. Aproveitando o sistema de teletransportar Sonic e os seus parceiros nas mais recentes incursões dos filmes live action, aqui é também possível encontrar anéis gigantes que nos deslocam instantaneamente entre locais diferentes. Na segunda das 3 voltas de cada corrida, com exceção da última prova das Grand Prix, o condutor que vai a liderar a prova tem a opção de escolher entre dois portais, um que dá uma preview do sítio para onde nos vamos deslocar e outro que deixará o nosso destino ser ao calhas. No final da segunda volta, voltamos a atravessar o portal que nos coloca de volta na pista inicial para darmos gás em direção à vitória, agora de volta a terrenos mais familiares.

Este sistema inclui 15 percursos alternativos que envolvem templos cheios de armadilhas ou por mundos repletos de dinossauros gigantes, aproveitando igualmente imenso conteúdo do universo Sonic. Após alguns Grand Prix completados, todas as pistas existentes no jogo passam a ser incluídas nesta lista de possíveis destinos e também é possível desbloquear a opção Frenzy que oferece 3 dinâmicas diferentes a estas secções. Pessoalmente achei este elemento simplesmente brilhante, já que, de forma simples, consegue aumentar imenso a variedade dentro de cada corrida. Quebrando a monotonia dos caminhos a percorrer de forma constante, este é um mecanismo inovador que adiciona um certo elemento caótico a cada corrida que nunca se torna num detrator da diversão em alta rotação.

Sonic CrossWorlds ShadowImagem capturada por Geekinout.pt

Race Park – Diversão em conjunto de pouca dura

Além das tradicionais Grand Prix com até 4 jogadores, CrossWorlds apresenta também um modo adicional que é mais indicado para ação frenética em conjunto. O Race Park traz consigo 6 formatos de corrida diferentes, desde corridas individuais simples até uma competição para ver quem coleciona mais anéis ao longo das várias pistas, oferecendo atividades em grupo para maior cooperação entre equipas que podem ir dos 4 aos 6 condutores.

Aqui é também possível desafiar várias equipas rivais que, ao serem batidas vezes suficientes, dão acesso a novas viaturas customizáveis e Donpa Tickets que podem ser trocados por diferentes colecionáveis. Sendo este o modo mais convidativo para atividades em grupo, a diversidade é bem-vinda, mas, após concluir os objetivos associados, o que está aqui disponível não é nada que acrescente muitas horas de diversão. Tendo em conta que grande parte das atividades continua a envolver as corridas em si, falta aqui um modo mais ao estilo do que Mario Kart World traz, como lutas mais diretas em arenas ou com objetivos mais inovadores.

Personalização e um valente componente de grind

Sonic Racing: CrossWorlds traz consigo imensa coisa para colecionar, de forma a incentivar o jogador a passar imensas horas em corridas frenéticas. A cada atividade participada, somos recompensados com Donpa Tickets ao atingir certos objetivos durante a ação. Seja por terminar com uma boa classificação, por colecionar os anéis vermelhos espalhados pelo mapa ou por ser o condutor que escolhe o portal CrossWorld a atravessar, entre outros, há sempre maneiras de ser premiado. Estes tickets podem ser trocados por imensas coisas, desde customizações para as nossas viaturas como novas peças, autocolantes para decorar ou até novas buzinas. Além disso, podemos utilizá-los para aumentar o nosso nível de amizade com as diferentes personagens do elenco do jogo, desbloqueando mais autocolantes, títulos e até skins.

O grande problema aqui é que, em média, cada corrida atribui ao jogador 30 tickets e, além do sistema de desafios que te permite receber bilhetes ao completar missões nos diferentes modos de jogo e de alguns disponíveis no Race Park, não há mais maneiras de os obter em maior quantidade. Se pretendes maximizar a tua amizade com uma única personagem, vais ter que gastar mais de 10.000 destes bilhetes o que rapidamente se torna numa tarefa hercúlea de completar. Não tendo experimentado o modo online, não posso afirmar se as recompensas lá são maiores ou se até existem de todo. Focando-me apenas nas componentes de single player e de corridas a dois pelos Grand Prix e também nas opções do Race Park, o meu progresso era praticamente insignificante, portanto, para alguém que queira colecionar tudo o que há em oferta, vai ter uma tarefa valente pela frente.

Sonic Racing CrossWorlds modosImagem capturada por Geekinout.pt

Com eventos planeados para o futuro, já que este é um título live service, é possível que exista algum tipo de recompensas em forma de Donpa Tickets para suavizar o grind excessivo aqui disponível, mas fora deles, vai ser muito difícil arrecadar grandes quantidades a não ser que o estúdio faça alguns ajustes nos valores ganhos.

Por outro lado mais positivo, ao completar várias corridas, vamos melhorando a nossa licença que nos permite incluir diferentes gadgets que nos deixam escolher entre uma boa variedade de buffs ou opções adicionais. Podemos assim aumentar a nossa reserva de itens de 2 para 3, melhorar determinados stats da nossa combinação de condutor/veículo ou aumentar o ritmo com que preenchemos as barras de boost, entre muitos outros efeitos. Com um máximo de 6 vagas para preencher, existem certos gadgets que podem ocupar 3 lugares e que são, geralmente, mais potentes quando comparados com os que apenas ocupam 1, obrigando a uma escolha cuidadosa e que deve ser adaptada a cada estilo de combinação pretendida.

Apresentação quase perfeita

Nas minhas horas passadas a alto ritmo em CrossWorlds no modelo base da PlayStation 5, o modo de performance é sem dúvida o mais adequado à ação de alto ritmo disponível, oferecendo 60 FPS de forma praticamente consistente, com um ou outro abrandamento muito ligeiro durante as corridas e algumas secções no menu de customização que pareciam apresentar alguns momentos de dips.

Apresentando uma boa quantidade de mapas com visuais bastante distintos, sem nunca perder os padrões de cores vibrantes e apelativos que já são característicos do universo Sonic, este é um título de fácil apreciação na televisão. Com texturas de grande qualidade tanto nas diversas áreas como no seu elenco e vistas lindíssimas de locais icónicos da franquia, em certas ocasiões, Crossworlds chega a ser a forma de observar certos locais e personagens emblemáticas com a maior fiabilidade possível até à data. Existem ainda assim aspetos mais negativos como os Chao que observam os pontos de partida nas suas bancadas que têm um grau visual muito mais baixo e que correm a uma taxa de frames muito mais baixa em relação ao restante jogo, algo que também se observa em vários outros objetos no mundo que vão perdendo qualidade de animação conforme se afastam do meio da ação, num método que serve para evitar o gasto de recursos extra mas não deixa de estragar um pouco a imersão.

Sonic CrossWorlds desempenho PS5Imagem capturada por Geekinout.pt

Em termos da banda sonora, o que encontrei aqui foi algo que ao início não me encantou de todo, devido a estar mais habituado a guitarradas neste universo e não tanto a músicas que envolviam também uma mistura de sintetizadores e vocais. Contudo, conforme fui jogando, acabei a dar por mim a subtilmente acostumar-me ao que aqui era oferecido e reconheço que a trilha oferecida encaixa adequadamente no estilo de jogo, havendo inclusivamente algumas boas gemas nostálgicas cá no meio que fãs do ouriço azul como eu vão gostar.

Com apenas um bug em que fiquei preso debaixo do pavimento durante uma prova, mas sem qualquer tipo crashes ou outros problemas durante a minha experiência, é de considerar que aqui está um título polido, otimizado e que não sofre dos habituais problemas que cada vez mais jogos desenvolvidos no Unreal Engine 5 apresentam, como stutters constantes e performance tão pouco afinada que obriga a resoluções abismais nas consolas e a um rio de outros problemas em PCs.

Prós e Contras

Prós:

  • Sistema CrossWorlds é uma excelente adição que mantém a sensação de novidade nas corridas;

  • Condução extremamente sólida com nuances que a destacam da competição;

  • Bom nível de customização das viaturas e outros itens para colecionar;

  • Visuais vibrantes e otimização quase imaculada;

  • Sistema de rivalidade bem aplicado permite ajustar o desafio oferecido.

Contras:

  • Alguns percursos contêm troços claustrofóbicos e pouco intuitivos;

  • Modo Race Park não oferece grande variedade para desenjoar das corridas;

  • Economia de distribuição de Donpa Tickets é demasiado apertada;

Um jogo muito bom, que cumpre as expectativas, com grande qualidade técnica e artística. No entanto, pode ter pequenas falhas no design, ritmo ou equilíbrio, ou a ausência de inovação. É uma experiência sólida, recomendada a fãs do género.

Veredicto

Sonic Racing: CrossWorlds veio com o objetivo de dar um passo importante na franquia no género de Arcade Karts e fê-lo com bastante sucesso, introduzindo o sistema CrossWorlds que adiciona imensa variedade ao jogo e uma condução sólida que, apesar de não deixar de ser familiar, inclui diferenças suficientes para se destacar face à competição. Com a sua principal arma para o sucesso a ser a disponibilidade abrangente em termos de plataformas quando oposto à sua competição mais direta este ano, a Sonic Team entregou uma alternativa que não peca em qualidade e, apesar de alguns mapas menos conseguidos e uma economia de tickets que considero demasiado exigente ao ponto de me dissuadir de colecionar o que há disponível, é um ótimo título para amantes de corridas a alto ritmo.

Foto de Pedro Gomes - Autor na Geekinout
Autor

Pedro Gomes

Um verdadeiro amante de videojogos desde muito cedo e sendo o seu hobby preferido sempre, o Pedro tenta agora, como um adulto irresponsável, arranjar tempo para uma jogatana quando os seus dois demónios peludos favoritos o permitem.