Visions of Mana (análise) | Bom jogo para veteranos e novos fãs
- por Pedro Gomes
- 14 de janeiro, 2025
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Começando a sua história ao ser um spin-off de Final Fantasy na década de 90, com o nome de Final Fantasy Adventure, esta série de jogos ganhou o seu título mais definitivo, Mana, através de Secret of Mana em 1993. Ganhando, após isso, mais 2 títulos principais ao longo da sua história, com Dawn of Mana em 2006 terminando a lista de entradas mainline neste franchise.
Desde então, a série recebeu vários jogos que são considerados spin-offs, como Heroes of Mana em 2007 ou mais recente Echoes of Mana em 2022, entre outros. 18 longos anos depois, recebemos agora o quinto jogo principal desta série, de seu nome Visions of Mana, produzido pelo Oika Studios, sendo esta uma aventura que pode ser disfrutada tanto por conhecedores da série como por quem procura uma nova história pela qual mergulhar. Mas será que após tantos spin-offs e um hiatus tão grande desde Dawn of Mana, esta série de jogos ainda vale a pena?
A peregrinação de Val
O foco da nossa aventura é a peregrinação ocorrida a cada 4 anos à Mana Tree, envolvendo a eleição de um Soul Guardian que é encarregado com a importante tarefa de agrupar e encaminhar de forma segura os 8 Alms até à Mana Tree. Estes Alms são elegidos pela Faerie e representam os vários elementos do mundo de Qi’Diel, sendo eles fogo, água, vento, terra, madeira, lua, luz e escuridão. No final da peregrinação, os Alms terão de doar as suas almas para rejuvenescer o Fluxo da Mana e, assim, evitar que calamidades apocalípticas ocorram pelo mundo fora.
O nosso protagonista é Val, o Soul Guardian a cargo desta aventura e está acompanhado por Hinna, a Alm de Fogo, ambos originários da pequena vila de Tianeea. Juntos, começam a trilhar o seu caminho, passando por vários locais com vistas deslumbrantes e visitando os locais onde estão a ser realizadas as cerimónias de eleição dos restantes Alms. Vales ventosos, cumes de montanha nevosos, cidades majestosas e desertos agrestes são apenas alguns dos locais onde a nossa peregrinação nos leva numa jornada que tem muito para nos oferecer.
Sobre Visions of Mana
Plataforma testada: PS5
Outras plataformas: PC, PS4, Xbox Series X | S
Data de lançamento: 29/08/2024
Géneros: RPG
Produtora: Ouka Studios
Editora: Square Enix
A história é formulada de forma quase episódica, envolvendo a deslocação até onde o próximo Alm está a ser eleito. Lá encontramos algum tipo de problema que temos que ajudar a resolver para a eleição se concretizar e após isso podemos avançar em sentido ao próximo objetivo. A estrutura é simples e a qualidade vai variando, sendo que alguns deles são um pouco mais genéricos, enquanto que outros conseguem ser mais divertidos de concretizar. A certa parte da aventura a história sofre algumas reviravoltas e fica mais interessante no seu geral.
Nesta aventura, o nosso protagonista tem o papel estereotípico deste tipo de jogos e os membros da nossa party também sofrem muito em termos de se debruçarem demasiado num certo tipo de personalidade. Felizmente, tanto Val como o resto da party vão melhorando e quebram um pouco os seus moldes, o que é bom, tendo em conta que as interações entre todos é certamente um dos focos do jogo.
No último terço do jogo, no entanto, a história começa a concluir os arcos das personagens da nossa party, mas muitas das missões principais acabam por ser entediantes devido à sua estrutura. Somos colocados imensas vezes a fazer longos percursos para trás e para a frente, trilhando pelo mesmo percurso, para fazer coisas, por vezes, triviais e que o jogo podia perfeitamente deslocar-nos até lá automaticamente sem que isso subtraísse da experiência.
Lutas e exploração
Visions of Mana traz consigo um estilo de combate em tempo real, no qual temos bastante variedade ao nosso dispor. Ataques simples e especiais, feitiços de todo o género e feitio, ataques de classe podem eliminar mobs do mapa ou gerar efeitos para suportar a equipa e muitos items para usar; são os principais focos num combate que é simples, mas que está bem executado, sendo um ponto bastante positivo do jogo.
A nossa party vai expandido ao longo da aventura, mas apenas podemos ter 3 personagens a participar ativamente nas batalhas, sendo que podemos até deixar Val de fora de combate. Todas as personagens têm 8 classes ao seu dispor que podes melhorar ao longo do jogo, todas elas baseadas em cada um dos 8 elementos deste mundo. No entanto, essas classes não podem ser usadas ao mesmo tempo por duas personagens. Podes colocar personagens com uma classe mais focada em curar, fazer ou absorver dano, ou até em dar summon a pequenas criaturas, criando variadas combinações com resultados diferentes e que deixa o jogador experimentar à sua maneira.
Os monstros básicos que vamos encontrando nos mapas são a melhor forma de ganhar XP, e em grande parte dos casos, são eliminados sem grande desafio, apesar de podermos encontrar alguns monstros especiais que possam ser um pouco mais desafiantes. Em troca, oferecem mais XP ao serem derrotados. Estes encontros são delineados por um círculo que identifica a área de combate e, para o podermos abandonar, temos de correr contra estes limites durante uns segundos.
Imagem capturada por Geekinout.pt
Imagem capturada por Geekinout.pt
Também ao longo da aventura, iremos ser desafiados por uma variedade grande de bosses que, na sua maioria, são um bom obstáculo para o nosso grupo, incluindo alguns que mudam a fórmula um pouco. No entanto, alguns destes inimigos acabam por ser mais uma esponja de dano sem variedade de ataques que sejam grande ameaça e são um bocado dececionantes. Estas lutas também têm a sua área limitada, tal como os encontros básicos, só que destes não podemos sair até que haja um vitorioso.
O jogo é dividido em vários mapas, não sendo um verdadeiro open-world, separados por um loading screen. Vão variando entre locais abertos com terreno para os mais curiosos explorar, zonas mais lineares que afunilam a nossa party em direção ao objetivo, mas que ainda assim incluem um ou outro ponto de interesse e as cidades que incluem algumas lojas e NPCs que oferecem side-quests.
Grande parte das side-quests deste jogo são as típicas missões de RPG como recolher um determinado material de certo inimigo, procurar algo que um NPC perdeu no mapa e derrotar um grupo de monstros básicos, entre outros objetivos semelhantes. Nestas missões encontrarás alguns items de interesse, mas na sua maioria as recompensas são itens consumíveis que encontramos naturalmente ou Lucre, a moeda do jogo. Contudo estas são uma boa maneira de prolongar as horas de jogo para quem pretender e um bom motivo para explorar os coloridos mapas e vistas que o jogo oferece.
Imagem capturada por Geekinout.pt
Para nos deslocarmos de forma mais rápida, Visions of Mana oferece desde o início do jogo o Fast Travel entre pontos que são apelidados de Meridians, pontos estes que também nos deixam o HP e o MP a 100%. Infelizmente, não nos podemos deslocar de qualquer ponto do mapa para um destes Meridian e temos sim que chegar a um deles para podermos ativar o Fast Travel entre pontos. O mapa é também dividido em continentes e não podemos deslocar-nos de forma rápida entre Meridians de continentes diferentes, o que é um pouco inconveniente.
Ao longo da aventura também vamos descobrindo outros métodos para facilitar a deslocação, como uma mount que nos leva às suas costas em terreno sólido, podendo ser controlado livremente; um, também, que nos transporta pelos mares entre os diferentes continentes de Qi’Diel mas só pode ser chamado em certos locais perto de água; por fim, um terceiro que nos leva pelos áreas e podemos convocar em qualquer local de céu aberto. Pessoalmente acabei por dar muito pouco uso à mount em terreno sólido porque em cada confronto com inimigos básicos que quisesse participar, tinha que dar dismount. Isto não é bug, é apenas uma escolha muito estranha na minha opinião e que levou a que o Val e o resto da party fizessem a peregrinação quase toda a pé.
Desempenho e Visuais
Tive o prazer de jogar Visions of Mana no modelo base da Playstation 5, que nos disponibiliza os habituais modos de Performance e Qualidade para escolher. Ambos os modos têm como objetivo os 60FPS, mas o modo Qualidade não consegue alcança-los com muita facilidade, causando quedas com alguma frequência, principalmente em combates onde há mais efeitos visuais. Já o modo Performance, na minha opinião, não sofre grande diminuição de qualidade perceptível e oferece uma taxa de atualização mais consistente. Ainda assim, quando estava em lutas com muitos efeitos a acontecer ao mesmo tempo, a performance foi fortemente afetada. O DualSense também é bem usado, usufruindo do seu haptic feedback de forma consistente em momentos de exploração e de combate e também com bastantes sons saídos da coluna do controlador, sons estes que podem ter o seu volume reduzido ou até mesmo desligado, consoante as preferências.
Imagem capturada por Geekinout.pt
Imagem capturada por Geekinout.pt
Em termos de visuais, considero que este jogo vale a pena apreciar. Com um mundo extremamente colorido e um estilo artístico que será quase intemporal, Visions of Mana proporciona vistas lindíssima e personagens que sobressaem bem, tornando-os facilmente identificáveis pelos seus designs distintos. Uma grande falha deste jogo é a ausência de um Photo Mode, já que muitas das paisagens são merecedoras de umas fotos de qualidade. Na animação, os ataques, efeitos e tudo o resto que envolve estes cenários estão bem conseguidos com muitas partículas coloridas e distintas que tornam fácil a sua leitura, mas que por vezes acabam por ser excessivas em lutas mais tarde na história e acabam por se tornar um pouco problemáticas de ser ver. Já em cutscenes, as animações são muito básicas, com expressões muito simplistas e até pouco naturais em alguns casos, o que acontece até em algumas das cenas mais cinemáticas.
Visions of Mana sofre também um pouco com problemas de QoL como, por exemplo, no fim de cada encontro contra inimigos, o jogo calcula o XP ganho em tempo real enquanto podemos seguir o nosso caminho, mas enquanto o cálculo é processado, não podemos interagir com chests ou outros elementos no mapa nem ir ao inventário ou outros menus. Os menus em si podiam ser um pouco mais intuitivos, por vezes requerendo vários inputs para trás e para a frente para chegar à opção que queremos. Num nível técnico, tenho apenas a apontar uma ocasião em que numa luta contra um boss, após o ataque especial executado com uma das minhas personagens, o inimigo ficou parado o resto do combate o que trivializou completamente o encontro. De resto, tirando os abrandamentos de FPS que já mencionei, tive zero problemas técnicos com o jogo.

Veredicto
Visions of Mana é um jogo de tirar o fôlego em termos visuais, com uma história simples ainda que por vezes se arraste um pouco. O combate incentiva a experimentação e as mecânicas vão sendo apresentadas de forma regular para manter o interesse, ainda que algumas delas podiam ter sido mais exploradas. Apesar de algumas decisões técnicas que parecem saídas de um jogo de gerações passadas, é uma aventura que vale a pena experimentar para fãs de JRPGs que já conheçam este universo ou que usem este jogo como ponto de entrada no mesmo.
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Pedro Gomes
Um verdadeiro amante de videojogos desde muito cedo e sendo o seu hobby preferido sempre, o Pedro tenta agora, como um adulto irresponsável, arranjar tempo para uma jogatana quando os seus dois demónios peludos favoritos o permitem.

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