Amazon passou 15 anos a tentar derrubar a Steam e falhou

A Amazon tentou, durante mais de 15 anos, competir com a Steam e perdeu.

A revelação foi feita por Ethan Evans, antigo vice-presidente da Amazon e responsável pelo Prime Gaming, que partilhou no LinkedIn um relato detalhado sobre os sucessivos fracassos da empresa no mercado de distribuição digital de videojogos.

Éramos 250 vezes maiores, e tentámos tudo. Mas, no fim, o Golias perdeu”, escreveu Evans.

A publicação, feita há cerca de oito meses, voltou agora a circular nas redes sociais, após novas notícias sobre cortes de 30 mil postos de trabalho na Amazon, incluindo equipas ligadas à divisão de videojogos, de acordo com informações da Bloomberg e Reuters.

Evans reconhece que a Amazon nunca percebeu o que tornava a Steam tão dominante:

A Steam era uma loja, uma rede social, uma biblioteca e uma montra de troféus... tudo em um. E funcionava bem.”

Segundo o ex-executivo, a Amazon acreditou que o tamanho e a visibilidade da marca seriam suficientes para atrair jogadores, mas ignorou o poder dos hábitos já estabelecidos.

Achámos que, por termos o Twitch, os jogadores iam comprar connosco. Errado. Subestimámos completamente o valor emocional e funcional que a Steam tinha para o público.”

Evans acrescenta ainda que a empresa nunca validou as suas próprias suposições antes de investir milhões em soluções como o Amazon Game Store ou o Luna, o serviço de cloud gaming que teve pouca tração, tal como o Google Stadia.

Os jogadores já tinham a solução para os seus problemas. Não iam mudar só porque havia uma nova plataforma.”

15 anos de tentativas e nenhuma funcionou

Durante esse período, a Amazon tentou várias abordagens:

1. Aquisição da Reflexive Entertainment, uma pequena loja de jogos PC (sem sucesso).

2. Integração com o Twitch, esperando converter a base de utilizadores em consumidores.

3. Criação do Luna, o serviço de streaming que pretendia competir com o Stadia.

Nenhuma destas estratégias teve impacto relevante. A Steam, uma empresa muito menor em dimensão e recursos, manteve-se imbatível no ecossistema PC e continua a ser a principal plataforma de distribuição digital no mundo dos videojogos.

Opinião Geekinout

A confissão de Ethan Evans revela algo interessante sobre o gaming em geral: o insucesso da Amazon foi devido razões culturais.

A empresa abordou o gaming como se fosse apenas mais um produto logístico e esqueceu-se que o público dos videojogos é movido por comunidade, confiança e hábito, não por conveniência ou marketing agressivo.

Como o próprio Evans conclui:

“Só porque és grande o suficiente para construir algo, não significa que as pessoas o vão usar.”

Uma frase que resume na perfeição o fracasso da Amazon e, talvez, uma lição tardia para as gigantes tecnológicas que continuam a achar que podem comprar o sucesso no mundo dos videojogos.