Crítica: The Long Walk | Stephen King transforma caminhar num pesadelo
- por Jorge Loureiro
- 11 de setembro, 2025
- 0

Introdução e Enredo
O novo filme The Long Walk, baseado na obra de Stephen King, estreia hoje em Portugal. Realizado por Francis Lawrence, que foi também o responsável pela saga The Hunger Games, o filme transporta para o grande ecrã uma história de terror distópico em que a sociedade estado-unidense mergulhou na pobreza e regressão depois de uma grande guerra.
Para encorajar a produtividade dos cidadãos, e manter o sonho de que é possível voltar à ribalta e abundância, todos os anos é realizada uma Longa Caminhada. É uma caminhada sem meta, com 50 jovens participantes, em que o objetivo é simplesmente ser o último de pé. Parece inofensivo, não é? Só que não. Os participantes que não conseguirem manter uma velocidade constante de 3 milhas por hora (4,8 km/h) são eliminados com um tiro na cabeça pelas tropas que os seguem constantemente em carros militares e tanques armados.
E se as primeiras horas parecem pacatas — afinal caminhar parece fácil —, a longa caminhada transforma-se lentamente num cenário de terror. Não é permitido parar para comer, dormir ou fazer necessidades, algo que o filme mostra graficamente, com os caminhantes a baixar as calças rapidamente para defecar.
Em grande parte, o argumento é fiel ao livro de Stephen King. A diferença mais substancial é a velocidade da caminhada, que no livro do autor é 4 mi/h (o que equivale a 6,4 km/h). Quanto muito, é uma alteração positiva e que torna o filme mais realista, já que manter uma velocidade de 6,4 km/h durante horas seria extremamente difícil.
Realização e Estilo Visual
O estilo que Francis Lawrence aplicou em The Hunger Games mantém-se aqui. The Long Walk é um filme terra-a-terra, sem grandes efeitos especiais, com planos que se focam sobretudo nas personagens e respetivos diálogos. Há alguns planos mais largos para mostrar os cenários pelos quais os caminhantes passam, mas no fundo, a realização é simples, sempre em andamento, com a estrada a servir de cenário principal.
Se a realização aposta na simplicidade, o peso do filme recai sobretudo sobre o elenco, já que toda a tensão da caminhada depende da forma como as personagens ganham vida.
Elenco e Personagens
Raymond Garraty (Cooper Hoffman) e Peter McVries (David Jonsson) assumem desde cedo um papel central na Longa Caminhada. O vínculo entre ambos nasce logo nos primeiros instantes, através de uma simples apresentação e diálogo que lançam as sementes de uma amizade improvável, ainda para mais num contexto em que o objetivo é ser o último sobrevivente, com direito a um desejo qualquer e a riquezas inimagináveis.
Outras personagens, como Barkovitch (Charlie Plummer), Olson (Ben Wang), Parker (Joshua Odjick), Stebbins (Garrett Wareing) e Baker (Tut Nyuot), também têm o seu momento de destaque. O filme consegue manter a tensão constante, tornando imprevisível qual será o próximo caminhante a ser eliminado, o que prende o espectador e reforça o envolvimento no enredo. Há momentos difíceis de engolir que nos deixam a pensar nos limites da condição humana.
O grande ponto alto está no elenco e na forma como o filme retrata a condição destes jovens que, mesmo perante a morte inevitável — com 49 destinados a cair e apenas um a sobreviver —, ainda encontram espaço para se ajudarem e criarem laços de amizade.
Crédito da imagem: Lionsgate
Som e Atmosfera
Na banda sonora, não há muito a destacar. A opção criativa passa por reduzir a música ao mínimo, dando protagonismo ao som repetitivo das botas e sapatilhas a bater no asfalto. Esse detalhe sonoro reforça a monotonia e o desgaste da caminhada, funcionando quase como uma batida constante que acompanha tanto os personagens como o espectador.

Veredicto
The Long Walk resulta numa adaptação sólida da obra de Stephen King. Tal como no livro, o filme opta por deixar em aberto muitos detalhes daquela realidade distópica governada por um regime totalitário. É fácil sentir repulsa pelo general e, em contrapartida, empatia pelos vários caminhantes. O desfecho, no entanto, perde força face ao material original — é a única parte que verdadeiramente não funciona, deixando uma sensação amarga que acaba por manchar um percurso até então envolvente. Dito isto, este ainda é um filme fácil de recomendar para qualquer pessoa que goste do género.
Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.

Outros artigos
Filme de BioShock na Netflix será baseado no primeiro jogo
- 9 de setembro, 2025
Conjuring 4: Last Rites – Final explicado
- 9 de setembro, 2025
Conjuring 4: Last Rites – Factos vs Ficção
- 9 de setembro, 2025
Comic-Con Portugal 2026 já tem local e datas – vai para o Europarque
- 4 de setembro, 2025
0 Comentários
Efetua login para comentar