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Pokémon Legends Z-A é um passo em frente, mas ainda longe do que a série merece

Pokémon Legends ZA analise
Crédito da imagem: GameFreak / Nintendo

Acredito que o nosso dever enquanto fãs de qualquer coisa é apoiar quando necessário, dando feedback positivo, mas também não ter receio de criticar quando existem razões válidas para isso. Essa tem sido a minha postura em relação à saga Pokémon há muitos anos. Comecei a jogar com apenas sete anos, com Pokémon Yellow, e desde então joguei todas as entradas da série principal, além de vários spinoffs. A verdade é que, para uma série que tem na sua essência a evolução, a evolução de Pokémon tem sido surpreendentemente lenta.

Durante muito tempo podíamos justificar essa lentidão com as limitações do hardware. Pokémon sempre esteve profundamente ligado às consolas portáteis da Nintendo e foi também um dos pilares do seu sucesso. Até à geração da 3DS, não podíamos exigir muito mais da saga em termos técnicos e de escala. Além disso, acredito que a Game Freak encerrou essa era com chave de ouro com Pokémon Ultra Sun & Ultra Moon, que conseguiram refrescar a série e romper com a estrutura tradicional dos jogos anteriores.


Sobre Pokémon Legends Z-A

  • Produtora: GameFreak

  • Data de lançamento: 16/10/25

  • Género: RPG / Aventura

  • Preço oficial: 59,99 € (Switch) / 69,99 € (Switch 2)


Com a chegada da Nintendo Switch e posteriormente de Pokémon Sword & Shield, ficou claro que a Game Freak estava a lutar para adaptar a saga ao novo formato 3D e a uma consola significativamente mais poderosa do que qualquer uma das suas antecessoras. Pokémon Legends: Arceus trouxe um sopro de esperança: apesar de não ser tecnicamente brilhante, oferecia um vislumbre do que Pokémon podia e devia ser. Mas esse entusiasmo desvaneceu-se com Pokémon Scarlet & Violet, que não só descartou a jogabilidade que muitos fãs adoraram em Legends: Arceus, como apresentou a pior performance técnica da história da série. Já joguei títulos em acesso antecipado com melhor aspeto e desempenho.

É aqui que chegamos a Pokémon Legends: Z-A, o novo capítulo lançado em simultâneo para a Nintendo Switch e a Switch 2, e finalmente há boas notícias. Na nova consola, o jogo corre a 60 FPS estáveis e a jogabilidade é muito mais fluida. Em termos de desempenho, Legends Z-A é um salto claro em relação a Scarlet & Violet. Já não há quebras constantes de framerate e, embora os pop-ins de objetos e NPCs ainda aconteçam, estão longe do desastre técnico que vimos anteriormente.

Apesar da evolução técnica, a verdade é que Pokémon Legends: Z-A continua a não impressionar quando comparado com outros jogos do mesmo género já disponíveis no catálogo da Nintendo Switch 2. Basta olhar para títulos como Cyberpunk 2077 ou, se preferirem, The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom — que, convém lembrar, corre na primeira Switch — para perceber o quão grande é o fosso que separa esses jogos de Legends Z-A. Sei que muitos fãs dizem que os gráficos não interessam, mas uma análise só é justa se aplicarmos o mesmo critério a todos os jogos. Os visuais e a componente técnica fazem parte da experiência, e se essa parte não está bem, não podemos simplesmente desvalorizar a sua importância só porque estamos a falar da nossa saga favorita. Isso não é ser um crítico profissional de videojogos.

E quando falo da parte técnica, não me refiro apenas às já infames texturas planas dos edifícios que compõem Lumiose City. Apesar do enorme volume de diálogo entre personagens, continua a não haver vozes. A transição entre o dia e a noite interrompe combates com Pokémon selvagens, algo que quebra completamente o ritmo da jogabilidade. Os Pokémon prendem-se em objetos durante as batalhas, os reflexos nos vidros dos edifícios estão errados e a cidade — que deveria representar a capital de Kalos — parece estranhamente deserta. A maioria dos NPCs permanece imóvel, os carros não saem do lugar e, no geral, tanto o design estético como a complexidade arquitetónica parecem demasiado básicos para um jogo deste calibre. Pokémon merece mais.

Pelo lado positivo, Legends Z-A recupera parte do sistema de combate de Legends Arceus, mas com diferenças substanciais. A ação decorre agora em tempo real e já não existe uma lista que mostra a ordem dos ataques. A mecânica de Strong Style e Agile Style desaparece, no entanto, há agora ataques com diferentes tempos de recuperação, o que mantém essa lógica de forma mais subtil. Além disso, para começar uma batalha já não precisas de atirar uma Poké Bola contra o Pokémon — podes libertar qualquer um dos teus Pokémon a qualquer momento e mandá-lo atacar quando quiseres.

O novo sistema de combate continua a decorrer da perspetiva do treinador. A cada ataque, o Pokémon regressa automaticamente para junto do treinador, o que pode ser irritante. Nos ataques físicos, o Pokémon precisa de se aproximar do adversário para acertar, enquanto nos ataques à distância isso já não acontece. Esta diferença cria novas oportunidades estratégicas: se tiveres um Pokémon focado em Special Attacks e estiveres a enfrentar um adversário que privilegia ataques físicos, podes manter-te afastado e usar a mobilidade do treinador a teu favor.

@geekinout.pt

Primeiras Impressões de Pokémon Legends ZA depois de 10 horas. Até agora, o jogo é razoável. Honestamente, dava-lhe um 6/10. Concordas ou não? #pokemon #nintendoswitch2 #pokemonlegendsza #videojogos

♬ som original - Geekinout

Idealmente, o sistema deveria ser mais avançado, permitindo ao treinador controlar de forma mais precisa a movimentação do Pokémon. Apesar de gostar da base, ainda há espaço para melhorias em futuras iterações. Gostei particularmente das lutas contra os vários Mega Pokémon, que funcionam como verdadeiras boss fights, em que tens de esvaziar a barra de vida do inimigo. A meio da luta, o Pokémon torna-se mais agressivo, o que adiciona intensidade ao combate. Todos os princípios clássicos da saga, como as vantagens e fraquezas de cada tipo, mantêm-se intactos. A única diferença é que no final não podes capturar o Mega Pokémon, mas recebes a sua Mega Stone como recompensa.

Para além dos Mega Pokémon, ao longo da história é necessário ganhar Challenger Tickets. Estes podem ser obtidos ao batalhar contra outros treinadores nas Battle Zones, zonas vermelhas marcadas no mapa de Lumiose City que surgem depois do anoitecer. O objetivo é subir de rank desde o Z até ao A. Pelo meio, o jogo acaba por acelerar artificialmente a progressão, o que foi algo dececionante, mas compreensível, já que percorrer todas as letras seria demasiado repetitivo para a estrutura atual.

Quanto à cidade de Lumiose, confesso que não foi a melhor escolha. As áreas selvagens de Legends Arceus combinavam melhor com este tipo de experiência. As Wild Areas dentro de Lumiose parecem um remendo — uma tentativa apressada de justificar a exploração dentro da cidade. Novas áreas vão sendo desbloqueadas ao longo da história, mas a frustração surge quando os Pokémon mais interessantes só aparecem perto do final do jogo. A distribuição poderia ter sido mais equilibrada.

Ainda assim, explorar os telhados de Lumiose City, inspirados na arquitetura parisiense, acaba por ser uma das melhores partes do jogo. Em vários pontos do mapa é possível subir aos telhados e encontrar Pokémon raros ou itens escondidos. As sidequests são abundantes, embora de qualidade variável. Algumas resolvem-se rapidamente, enquanto outras exigem mais tempo e planeamento, como construir uma equipa de Pokémon específicos para enfrentar um desafio particular.

Prós

  • Desempenho muito mais estável, especialmente na Switch 2 (60 FPS).

  • Evolução visível face a Scarlet & Violet em fluidez e consistência técnica.

  • Sistema de combate mais dinâmico e com novas possibilidades estratégicas.

  • Presença de Mega Pokémon como boss fights bem concebidas.

  • Exploração vertical nos telhados de Lumiose adiciona variedade.

  • Loop clássico de captura e treino continua divertido e viciante.

Contras

  • Visual e detalhe técnico continuam abaixo de outros jogos do género.

  • Falta de voice acting em 2025 é difícil de justificar.

  • Lumiose City é visualmente pobre e pouco viva.

  • Bugs e falhas persistem, como Pokémon presos em objetos.

  • Estrutura repetitiva nas Battle Zones e progressão forçada.

  • Distribuição desequilibrada dos Pokémon nas Wild Areas.

  • Pouca ousadia na reinvenção da fórmula, mesmo após Legends: Arceus.

Oferece alguns momentos divertidos e ideias interessantes, mas não consegue destacar-se verdadeiramente. A experiência é competente, sem nunca ser memorável.

Veredicto

Na sua essência, Pokémon Legends Z-A preserva e dá continuidade ao ciclo apelativo que sempre definiu a saga: capturar, treinar e batalhar. Mesmo com as suas falhas, o jogo continua viciante. Nenhuma das cerca de 30 horas que passei até ao fim foi um êxtase, mas é muito fácil perder a noção do tempo a jogar. Apesar de divertido, é impossível ignorar que o jogo podia e devia ser melhor. É um passo em frente face a Scarlet & Violet, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.