Avatar: Fogo e Cinzas pode salvar a saga? Crítica ao novo filme de James Cameron
- por Jorge Loureiro
- 9 de dezembro, 2025
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Esta análise a Avatar: Fogo e Cinzas está livre de spoilers, mas são discutidos eventos dos filmes anteriores.
O título Fogo e Cinzas não podia ser mais simbólico: o terceiro Avatar tem nas mãos o futuro da franquia. James Cameron já admitiu que, se este capítulo falhar comercialmente, os planos para um quarto e quinto filme podem simplesmente desaparecer no ar... como cinzas levadas pelo vento.
Parece quase bizarro que, hoje, se discuta se o terceiro Avatar vai dar lucro ou não, quando o primeiro filme continua a ser o mais rentável da história do cinema (US$ 2,92 mil milhões) e o segundo ocupa o terceiro lugar (US$ 2,34 mil milhões). Contudo, o cinema vive uma fase de incerteza: sucessos são cada vez menos frequentes, a concorrência dos serviços de streaming alterou os hábitos do público, e filmes com orçamentos astronómicos, como Fogo e Cinzas, tornaram-se apostas perigosas para os estúdios.
Sobre Avatar Fogo e Cinzas
Realizador: James Cameron
Géneros: Ação, Aventura, Sci-Fi
Duração: 3h15m
Com um orçamento estimado em cerca de US$ 400 milhões (sem contar os custos de marketing e distribuição), Fogo e Cinzas precisará de um estrondoso sucesso comercial para que o estúdio recupere o investimento. A pergunta é inevitável: terá este filme o peso e o apelo necessários para atingir esse nível de retorno? Agora que já vi o filme, posso dizer que este terceiro capítulo tem todos os ingredientes que os anteriores tiveram e que os tornaram em sucessos históricos do cinema.
O que há de novo comparativamente a "O Caminho da Água"?
Uma das principais críticas a "Avatar: O Caminho da Água" foi a sua história demasiado familiar em relação ao primeiro filme, a estrutura previsível e o ritmo por vezes arrastado. Se concordaste com essas críticas, lamento ser o portador de más notícias: Avatar: Fogo e Cinzas segue exatamente o mesmo trilho. Apesar de apresentar novos elementos, como a introdução do clã das cinzas (Mangkwan), o guião volta a apostar numa estrutura quase idêntica à dos capítulos anteriores. Quanto ao ritmo, continua lento… e, tendo em conta a sua generosa duração de mais de três horas, seria difícil esperar outra coisa.
Para mim, a longa duração do filme não é um defeito... longe disso. Gosto de épicos de aventura com tempo para respirar, e acredito que um filme ganha outro peso emocional quando há espaço suficiente para desenvolver as personagens. Com mais de três horas, Avatar: Fogo e Cinzas tem a oportunidade de aprofundar personagens que já conhecemos dos filmes anteriores, além de dedicar tempo à exposição do deslumbrante planeta Pandora. Dito isto, nem todos saem beneficiados: algumas personagens acabam por se sentir presas num ciclo repetitivo.
Refiro-me especificamente ao Coronel Miles Quaritch, que regressa como o vilão determinado a caçar Jake Sully e a sua família. O filme até insinua alguns caminhos interessantes para a sua evolução, mas a personagem permanece amarrada ao mesmo sentido de missão da sua versão humana — algo que já tínhamos visto em O Caminho da Água. Consequentemente, embora esta seja uma continuação direta, é difícil evitar um certo déjà-vu: por mais momentos que sugiram uma possível redenção, Quaritch nunca se afasta verdadeiramente da caricatura do “mauzão”, o que torna o seu arco previsível.
Já o resto das personagens apresenta evoluções bem mais significativas. Fogo e Cinzas é, no fundo, um filme profundamente emotivo, repleto de dilemas que facilmente encontramos no nosso mundo. Questiona o que realmente define uma família e lembra-nos que os laços mais fortes não dependem de sangue, de cor de pele… nem sequer da espécie ou do planeta de origem. São temas que já vêm dos filmes anteriores, mas que regressam aqui com novas nuances, mantendo-nos presos ao ecrã enquanto procuramos descobrir o destino destas personagens. Para quem acompanha Avatar desde o início, elas já se tornaram quase parte da família, crescemos com elas, sofremos com elas e queremos ver para onde este caminho as conduz.
O clã das cinzas mostra que nem tudo é fantástico em Pandora
Apesar de Avatar nos ter habituado a ver Pandora como um mundo deslumbrante, quase um paraíso onde os humanos são a verdadeira ameaça, o clã das cinzas, liderado por Varang (a mesma figura em destaque nos posters), revela a face mais dura e sombria do planeta.
Tornados praticamente piratas após a destruição da sua aldeia por uma erupção vulcânica, estes Na’vi viveram fome, sofrimento e desespero. Depois de sentirem que Eywa não os ouviu, rejeitaram a divindade e abraçaram uma filosofia de sobrevivência crua. São mais selvagens e viscerais que os Na’vi que conhecemos, com rituais violentos e uma relação com o fogo que contrasta brutalmente com a harmonia natural dos outros clãs.
Conclusão: Fogo e Cinzas é mais Avatar... para o bem e para o mal
Estaria a mentir se dissesse que não adorei cada segundo das 3h15 de duração (sim… é mesmo grande, portanto vai à casa de banho antes de começar). Fogo e Cinzas não é um filme perfeito — longe disso — e é verdade que James Cameron volta a apostar numa fórmula muito familiar.
Mas a verdade é que poucas experiências no cinema têm esta qualidade e poder de imersão. Assim que o filme começa, somos transportados para Pandora. A cinematografia, os efeitos especiais, o elenco e as sequências de ação são, mais uma vez, expoentes máximos do que o cinema de grande escala consegue oferecer.
Veredicto
Por isso, será que vale a pena ver Avatar: Fogo e Cinzas no cinema? A resposta é simples: é o único sítio onde o filme tem a mesma grandeza com que foi concebido. Por isso, um absoluto sim.
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Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.
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