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Battlefield 6 custa mais de 400 milhões, está em crunch e quer bater Fortnite e Call of Duty

Battlefield
Crédito da imagem: Battlefield

Battlefield 6 está a tornar-se no jogo mais caro de sempre da EA e também num dos mais problemáticos que, talvez, simbolize tudo aquilo que há de errado atualmente com a indústria dos videojogos.

Segundo uma extensa reportagem da Ars Technica, baseada em múltiplas fontes internas, o novo capítulo da série da DICE já ultrapassou os 400 milhões de dólares de orçamento e está a ser desenvolvido em ambiente de crunch extremo.

Depois do lançamento de Battlefield 2042 (que não teve o sucesso desejado) a EA reformulou toda a estratégia para a série. Trouxe nomes sonantes como Vince Zampella (ex-Respawn, Call of Duty), Byron Beede (ex-Destiny) e Marcus Lehto (co-criador de Halo), e estabeleceu metas ambiciosas: atingir 100 milhões de jogadores e competir diretamente com Fortnite e Call of Duty.

Mas as expectativas não estão a corresponder à realidade.

A campanha está atrasada dois anos

O desenvolvimento de Battlefield 6 começou em 2021 com uma promessa clara: seria o jogo mais completo da série, com modos clássicos, conteúdo criado pela comunidade, battle royale gratuito e uma campanha narrativa com 6 horas de duração. Essa campanha estava a ser produzida pelo estúdio Ridgeline Games, fundado por Marcus Lehto, mas o projeto colapsou.

O estúdio foi encerrado em 2024, o seu trabalho descartado, e a campanha foi passada para outros estúdios, como a DICE, Criterion e Motive, que agora estão a tentar reconstruí-la do zero. O modo single-player é agora o único elemento do jogo que ainda não chegou à fase alpha, apesar do jogo estar previsto para sair no atual ano fiscal da EA (ou seja, até 31 de março de 2026).

Pressão, burnout e decisões duvidosas

Para alcançar a meta dos 100 milhões de jogadores, o jogo aposta fortemente em conteúdo gratuito e numa estrutura de jogo como serviço, com monetização através de passes de temporada e microtransações, o que está a gerar ceticismo dentro das próprias equipas. Fontes indicam que ninguém acredita realmente que esses números sejam alcançáveis, e que se vive uma cultura de decisões top-down sem espaço para debate ou realismo.

As exigências estão a causar longas horas de trabalho, exaustão psicológica e até licenças médicas por burnout, com casos de funcionários ausentes por vários meses.

Esta é a pior situação que já vi num projeto AAA”, confessou um dos membros da equipa, que comparou a realidade de Glacier (o nome de código do novo Battlefield) com outros jogos problemáticos como Anthem.

A nova estrutura da EA — com estúdios nos EUA e Europa a colaborar remotamente — tem causado fricções culturais, falta de alinhamento e atrasos. Muitas funcionalidades foram mal planeadas, passaram para a produção sem estarem finalizadas, e tudo indica que haverá cortes de conteúdo e um patch massivo no dia de lançamento.

Battlefield 6 ainda não tem data oficial de lançamento, mas se tudo correr como planeado, deverá chegar antes de março de 2026. Resta saber se o jogo estará pronto ou se vai ser mais um jogo que vai ser corrigido ao longo dos meses através de sucessivas atualizações.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.