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Dragon Ball Sparking Zero (análise) | O sucessor digno de Tenkaichi 3

Dragon Ball Sparking Zero analise
Crédito da imagem: Bandai Namco

Todos os fãs de Dragon Ball vão concordar comigo quando digo que era da PlayStation 2 foi a melhor colheita para jogos da saga. Foi nessa consola que vimos nascer os jogos Budokai, jogos de luta 3D em perspectiva lateral, e mais tarde Budokai Tenkaichi, que estabeleceu os pilares para os jogos de luta em arena. A fórmula atingiu o pináculo com Budokai Tenkaichi 3, lançado em 2007 para a PS2 e no ano seguinte para a Nintendo Wii.

Com um sistema de luta rápido que combinou múltiplas mecânicas para dar a sensação de estarmos realmente numa luta de Dragon Ball, e um vasto leque de personagens jogáveis, Budokai Tenkaichi 3 tornou-se para muitos fãs como o exemplo a seguir no futuro. Estranhamente, foi preciso esperar 17 anos por uma sequela digna, mas finalmente aconteceu. Dragon Ball: Sparking Zero é a resposta às prezes dos fãs que esperaram pacientemente ao longo dos anos por um jogo que superasse Tenkaichi 3.


Sobre Dragon Ball Sparking Zero

  • Data de lançamento: 8 de Outubro de 2024

  • Plataformas: PC, PS5 e Xbox Series

  • Editora: Bandai Namco

  • Plataforma testada: PS5

  • Género: jogo de luta

  • Preço: 79,99€


Sistema de combate evoluído

Dragon Ball: Sparking Zero tem uma jogabilidade que dá continuidade à mesma filosofia da saga Tenkaichi, no sentido em que os controlos e combóis são universais para todas as personagens jogáveis. Portanto, se sabes jogar com um, sabes jogar com todos. No entanto, isto não significa que as personagens são todas iguais. Há variações nas animações e na velocidade dos ataques que conferem a cada lutador alguma identidade. Por isso, a sensação de jogar com Son Goku não é a mesma de jogar com Broly. Da mesma forma que jogar com o Son Goku base não é o mesmo que jogar com a transformação Ultra Instincto.

Onde há mudanças substanciais, comparativamente a Tenkaichi 3, é no sistema defensivo. Dragon Ball: Sparking Zero tem múltiplas formas de contra-atacar e demora tempo a absorver toda a informação dos controlos. Juntas isto a uma dificuldade íngreme no modo episódio (basicamente, é o modo história) e as primeiras horas foram mais desafiantes do que esperava. É um jogo rápido, em que tens de carregar rapidamente nos botões, seja para atacar, seja para defender e fazer contra-ataques. Mas a prática faz a perfeição. Depois de passar pelos múltiplos tutoriais e fazer várias partidas, o jogo tornou-se mais prazeroso.

Na maioria das ocasiões, Sparking Zero replica na perfeição os épicos confrontos que testemunhamos no anime de Akira Toriyama. Encadear combos, mandar o adversário a voar pelo mapa fora, aparecer atrás dele e, como uma bola de pingue-pongue, mandá-lo noutra direção para depois lhe acertar com um ataque de energia a meio do ar. Graças às novas mecânicas defensivas, também é possível recriar outro tipo de cenas, como esquivar rapidamente todos os golpes ou, ainda melhor, contra-atacar um contra-ataque, o que resulta num momento pequeno momento cinemático.

Há, todavia, pequenos defeitos por limar. A câmara pode assumir posições desconfortáveis, sobretudo quando estás próximo a objectos do cenário. O sistema de lock-on automático por vezes falha e em vez de acertarmos no adversário, ficamos a acertar no ar. Reparei que isto acontece principalmente em momentos de muito movimento de ambas as personagens. Os ataques especiais que requerem contacto com o adversário também podem falhar, o que é frustrante. Não são coisas que mancham a experiência, mas há margem para melhorar a jogabilidade seja por actualizações, seja numa possível sequela.

Sobre o modo história (Vegeta injustiçado)

O modo Episode Battle é basicamente o modo história de Sparking Zero. Está dividido por 8 personagens - Goku, Vegeta, Gohan, Piccolo, Future Trunks, Goku Black, Frieza e Jiren. Com estas personagens, o jogo inclui todos os arcos narrativos desde o início de Dragon Ball Z até ao final de Dragon Ball Super. Inclui também arcos narrativos adicionais do tipo “What If”, imaginando cenários que nunca testemunhamos no anime ou manga. É um bom toque que adiciona valor a este modo, principalmente para fãs como eu que já conhecem a história de trás para a frente. Como seria de esperar, o modo com Son Goku é o maior. Os episódios de personagens como Goku Black, Future Trunks e Jiren são bem mais curtos, o que é compreensível.

O que não é compreensível é a história de Vegeta terminar em Dragon Ball Z, na luta contra Kid Buu. Vegeta é uma personagem fundamental nos eventos de Dragon Ball Super e no Torneio do Poder entre os vários universos, pelo que não se entende por que razão a sua história foi cortada tão cedo. O modo episódio também peca pela falta de cinemáticas. A maior parte da narrativa é contada através de imagens estáticas com texto por cima. Por um lado, compreendo que a maioria dos fãs já conhecem a história e, portanto, acaba por ser irrelevante. Por outro, estamos a falar de um jogo de preço completo em claramente houve pressão para poupar nos custos e está claro onde foram feitos os cortes.

Dito isto, o Episode Battle tem bastante para oferecer aos fãs. Mesmo depois de ter terminado a história principal com todas as personagens, continuo a regressar para completar os arcos “What If”, que geralmente requerem vencer as batalhas com alguma condição. Aqui fica outra pequena crítica: nem sempre essas condições são evidentes. Além disso, a navegação pela cronologia dos episódios e arcos é arcaica e um pouco confusa.

Há também um modo de criação

Para os jogadores apenas interessados no single-player, existe mais conteúdo além do modo Episode Battle. Há outro modo chamado Custom Battle, em que os jogadores podem criar e editar batalhas. É um excelente complemento, até porque existem muitas batalhas do anime que ficaram de fora. No caso dos filmes, foram completamente excluídos, portanto, através do modo Custom Battle podes criar essas batalhas.

O modo de criação não é extremamente complexo e, por isso, as possibilidades também são limitadas. Todo o texto tem de ser escolhido de amostras pré-feitas, ou seja, não podes inventar diálogos (acredito que seja por questões de moderação). Se não tens queda para a criação, podes simplesmente jogar as batalhas criadas por outros jogadores. A parte boa é que existe um sistema de pontuação para que a comunidade possa avaliar e, deste modo, podes filtrar e encontrar as batalhas com maior pontuação.

Há também um modo de multiplayer online e local (com ecrã dividido para 2 jogadores).

Um vasto leque de personagens

Com 182 personagens, Sparking Zero é o jogo de Dragon Ball com a maior quantidade de personagens de sempre. Claro que, uma quantidade considerável são variações e transformações de Son Goku e Vegeta. Ficaram a faltar alguns nomes como Super 17, King Piccolo e Pikkon, que eram jogáveis em Tenkaichi 3. De qualquer forma, a variedade de personagens é respeitável, e apesar de algumas ausências, a verdade é que foram acrescentados imensos nomes de Dragon Ball Super. Há mais personagens a caminho, mas claro, precisas de adquirir o Season Pass, que é um custo à parte.

Conclusão: Dragon Ball Sparking Zero Vale a pena?

Dragon Ball: Sparking Zero apresenta-se como a tão aguardada sequela espiritual de Budokai Tenkaichi 3, oferecendo uma jogabilidade evoluída que honra o legado da série. O sistema de combate é rápido, dinâmico e repleto de possibilidades estratégicas, com novas mecânicas defensivas que elevam a profundidade das lutas. A recriação fiel dos momentos épicos do anime, aliada a um vasto leque de 182 personagens, faz deste título uma celebração da saga Dragon Ball.

No entanto, nem tudo é perfeito. Problemas com a câmara, o sistema de lock-on e algumas falhas nos ataques especiais podem causar frustrações. Além disso, o modo história sofre com a ausência de cinemáticas impactantes e decisões inexplicáveis, como o corte precoce na narrativa de Vegeta. Apesar de oferecer conteúdo adicional em modos como o Custom Battle, o seu potencial é limitado por ferramentas pouco profundas.

Uma medalha para jogos, filmes ou produtos ostentam qualidades que os elevam a um patamar de excelência, proporcionando uma experiência extraordinária.

Veredicto

Apesar de algumas arestas por limar, para os fãs de longa data, Sparking Zero é uma experiência emocionante que capta a essência das batalhas icónicas de Dragon Ball e um sucessor digno de Budokai Tenkaichi 3. O conteúdo para desbloquear é imenso, desde personagens, fatos adicionais, itens que aumentam o poder em combate, músicas para animar as batalhas. Uma compra segura e recomendada para todos os fãs de Dragon Ball.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.