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Hurry Up Tomorrow (crítica) | muita parra, pouca uva

Hurry Up Tomorrow Crítica
Crédito da imagem: Lionsgate / Pris Audiovisuais

“Hurry Up Tomorrow” não é o primeiro filme a usar o próprio artista para contar a sua história. 8 Mile, que inclui vários elementos autobiográficos da vida de Eminem — e no qual o rapper assume o papel principal — é um dos exemplos mais bem conseguidos deste género.

O novo filme de The Weeknd chega após a sua controversa estreia no mundo das séries e do cinema com The Idol, da HBO Max. Hurry Up Tomorrow inspira-se livremente num episódio real ocorrido durante um dos seus concertos em 2022.

A origem do filme remonta a um incidente na digressão After Hours til Dawn, em que The Weeknd, sob intenso stress, perdeu a voz durante um espetáculo — um colapso que, segundo o próprio, teve causas psicológicas. No filme, esse momento serve como ponto de partida para uma espiral emocional ainda mais intensa: o artista mergulha numa depressão profunda após o fim da sua relação amorosa.

Por outro lado, Hurry Up Tomorrow apresenta-se também como um thriller psicológico que mergulha em temas existenciais e de autocrítica, servindo de veículo para a estreia do próximo álbum de The Weeknd — que partilha o mesmo nome do filme. O objetivo é claro: oferecer uma experiência cinematográfica imersiva, onde música e imagem se fundem numa narrativa intensa e sensorial.


Sobre Hurry Up Tomorrow

  • Estreia em Portugal: 15 de maio de 2025

  • Duração: 1h 45m

  • Realizador: Trey Edward Shults

  • Género: Thriller Psicológico


Vamos começar pelo positivo.

A cinematografia e os efeitos visuais são soberbos. Os ângulos de filmagem são intensos, expressivos e visualmente comunicativos. É verdade que, por vezes, o filme assume a estética de um videoclipe gigante, o que, neste caso, nem sempre é um defeito. No entanto, os jogos de luz intermitente tornam-se excessivos, sobretudo na primeira parte do filme, que retrata concertos e festas em discotecas. Eu não sou fotosensível, mas confesso que senti necessidade de fechar os olhos em certos momentos, perante a avalanche de flashes e estímulos visuais.

O elenco de estrelas, que inclui nomes como Jenna Ortega e Barry Keoghan, está em boa forma e entrega desempenhos sólidos. No entanto, o destaque vai inevitavelmente para o próprio Abel Tesfaye — mais conhecido pelo seu nome artístico, The Weeknd — que demonstra um tremendo potencial enquanto ator. É verdade que está a interpretar uma versão ficcional de si próprio, mas as emoções que transmite, seja pelo comportamento ou pelas expressões faciais contidas, são genuinamente palpáveis.

@geekinout.pt

🎬 Crítica a Hurry Up Tomorrow, o novo filme de The Weeknd: vale mesmo a pena ver ou é só promoção ao novo álbum? Analisamos o visual incrível, as performances e a narrativa... ou a falta dela. 👉 Se estás curioso com o filme, este vídeo é para ti. #HurryUpTomorrow #TheWeeknd #Filmes #Cinema #crítica

♬ som original - Geekinout

Agora, vamos para o negativo.

A premissa inicial até consegue captar o interesse e cria alguma expectativa, mas à medida que os créditos finais surgem, torna-se evidente que a narrativa tem pouca substância. Hurry Up Tomorrow podia perfeitamente ter sido uma curta-metragem — em vez disso, é estendido até se tornar um feature film desnecessariamente longo, com direito a algumas cenas embaraçosas que arrancaram gargalhadas involuntárias da audiência. A sensação que fica é que o principal objetivo não é contar uma história coesa, mas sim promover o novo álbum do artista.

Não tenho nada contra o The Weeknd — até aprecio várias das suas músicas — mas, no geral, este filme parece feito sobretudo para os fãs mais acérrimos. Quem o encarar como uma mistura de expressão artística, campanha de marketing e tentativa de contar "qualquer coisa" não vai sair desiludido. Para quem esperava algo mais e consistente, não posso dizer o mesmo.

Este é o símbolo para jogos, filmes ou produtos assim-assim. Têm tanto de bom como de mau. Ainda podes gostar e desfrutar deles, se estiveres disposto a ignorar certas coisas.

Veredicto

Hurry Up Tomorrow tem momentos visualmente impressionantes e um esforço genuíno por parte de Abel Tesfaye em se afirmar enquanto artista multifacetado. Mas apesar da ambição estética e do talento envolvido, o filme tropeça numa narrativa que pouco acrescenta e numa estrutura que mais parece pensada para acompanhar o lançamento de um álbum do que para contar uma história que perdure. Para fãs dedicados de The Weeknd, é um mergulho no universo do artista. Para os restantes, pode saber a pouco.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.