Monster Energy Supercross 25 (análise) | Sólida condução com algumas lombas
- por Pedro Gomes
- 7 de abril, 2025
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Numa série de jogos baseada em desportos relativamente recente, tendo o seu início em 2018 e recebendo sequelas anuais até 2023, o estúdio decidiu fazer uma pausa no ano passado após uma receção mista do seu último lançamento, para conseguir entregar uma experiência vastamente aprimorada, que corresponda melhor às espectativas dos adeptos do Supercross.
Desenvolvendo o título no Unreal Engine 5, o estúdio italiano Milestone S.r.l. prometegrandes mudanças, começando pela alteração da numeração dos lançamentos, que agora passam a incluir o ano em que sai, em vez de um número crescente a cada ano. Com visuais a beneficiar do novo motor, jogabilidade reconstruída de raiz e a presença de conteúdo oficial do desporto como motas, percursos e pilotos do campeonato de 2025. Será que este esforço extra compensou?
Sobre Monster Energy Supercross 25
Data de lançamento: 25 de Abril de 2025
Plataformas: PC (Steam), PS5 e Xbox Series X | S
Género: Desporto / Corridas
Versão testada: PS5
Editora: Milestone
Domina os percursos
Um dos grandes focos deste ano, foi o reforço da autenticidade da condução e todas as mecânicas envolventes do desporto motorizado, deixando ao nosso dispor níveis variados de complexidade em todos os sistemas, algo que agradará desde o fã mais verde até ao verdadeiro apaixonado pela pista que adora controlar todas as decisões. Oferecendo, logo ao início, 3 opções diferentes de experiência, este título coloca ao nosso dispor graus variados de dificuldade de condução, desde o novato que terá alguns mecanismos simplificados e também ajudas para facilitar a sua vida, passando pelo modo mais equilibrado que visa oferecer um desafio mais natural e sem tantos apoios e terminando com a vertente mais realista onde podemos demonstrar o nosso domínio nas pistas. Além destas opções, também existem vários graus de dificuldade que podemos escolher para a dificuldade dos oponentes AI, resultando tudo isto numa experiência bem acolhedora que não deixa ninguém de fora. Apesar destas opções todas, senti em várias ocasiões que a dificuldade dos adversários em pista era bastante volátil dentro da mesma dificuldade, sendo que em certos percursos eu podia ir em primeiro sem grande contestação, enquanto que na próxima pista já tinha sérias dificuldades em alcançar o triunfo, mas numa prova seguinte a dificuldade voltava a baixar consideravelmente sem motivo aparente, e isto aconteceu várias vezes ao longo da minha experiência.
A condução em si é sólida, com um bom nível de mestria envolvida que recompensa o jogador à medida que ele vai interiorizando as várias mecânicas como o controlo da velocidade nos saltos, o domínio das curvas apertadas, os arranques velozes ao início de cada corrida e o balanço em cima da mota para não perder preciosos segundos em quedas aparatosas. Os graus diferentes de realismo de condução, que já tinha mencionado, também acrescentam um bom nível de imersão e adequam-se ao desafio que cada um pretende, mas existe algum atrito nos primeiros momentos para quem não estiver muito familiarizado com este género de jogos, mesmo no modo de condução mais simples, algo que o tutorial tenta minimizar. Contudo, só nas corridas propriamente ditas é que a coisa foi ao sítio no meu caso, mas neste caso o problema, provavelmente, era da minha parte e não posso atribuir culpas ao jogo.
Cria o teu próprio campeão
O destaque em termos de conteúdo a solo é, como habitual, o modo Carreira. Aqui podemos criar o nosso próprio motociclista através de um criador de personagens extremamente limitado que não oferece grande customização, permitindo escolher apenas algumas opções bastante básicas e que não deixam grande espaço para imaginação. Após dar o nome à nossa personagem, escolher o seu pais de origem, o seu número de atleta e apelido, estamos prontos para arrancar em direção ao sucesso. Começando na classe Futures, o nosso objetivo é fazer as melhores performances possíveis para atrair a atenção das melhores equipas nas classes seguintes, nomeadamente a 250 e a 450, para podermos juntar-nos a elas. Cada uma das construtoras tem objetivos diferentes para nós e, para conseguir assegurar o nosso lugar, teremos que dar o nosso melhor em pista ao conseguir boas classificações.
Entre corridas, o nosso ponto de paragem é um menu onde teremos várias opções para progredir na nossa carreira. Aqui podemos melhorar a nossa mota progressivamente, algo que pode demorar mais ou menos tempo dependendo da nossa relação com a construtora que estamos a representar, customizar alguns detalhes do nosso atleta como o seu número e mais algumas opções, consultar o próximo evento em que vamos participar e participar no menu social do jogo, o SuperX.
Imagem capturada por Geekinout.pt
Neste menu podemos ler e responder a mensagens que os nossos colegas de profissão nos enviam, reagir a comentários por parte da imprensa e analisar comentários da nossa equipa. Em cada interação, podemos escolher uma de duas opções que o jogo nos fornece, com o objetivo de gerir amizades com outros atletas, melhorar a maneira como o público nos vê e assegurar que temos a confiança da equipa a que pertencemos. Não oferecendo grande variedade nem interatividade após opções repetidas várias vezes e escolhas que se resumem a “sou muito fairplay e porreiro” ou “sou o melhor da minha rua, respeitem-me!”, ao fim de algumas corridas acabei por deixar de prestar atenção a esta mecânica que é bastante básica e pouco acrescenta ao modo. Além disso, o nosso progresso como atleta perante o público é quase impercetível, o que tira algum alento do modo já que aqui é único local onde podemos ver a nossa futura estrela a brilhar, faltando algumas cenas que podiam ser acrescentadas para tornar o nosso crescimento um pouco mais autêntico e entusiasmante.
As corridas em si oferecem alguma variedade, contando com um número interessante de percursos em recintos diferentes baseados na vida real, que irão contabilizar para o nosso ranking no final da época e serão o nosso foco ao longo da carreira. Em adição a essas corridas, teremos também alguns desvios que nos levarão a Rhythm Attacks e também visitas a alguns circuitos Motocross em localizações como Mount Rushmore e Nevada, para provas que não contam para o campeonato, mas são um ponto alto em termos de diversidade de percurso e visuais, aliviando o enjoo de corridas em arenas.
Nas provas oficiais, podemos optar por participar nas fases de qualificação tradicionais ou saltar direito para o evento principal. Em qualquer uma destas fases, é possível escolher também a duração das provas para dar a liberdade ao jogador de dar as voltas que quiser ou focar-se no objetivo de ser uma lenda de Supercross de forma mais célere. Ao decidir a dificuldade dos nossos adversários AI, é também possível adaptar o grau de desafio a cada prova de forma individual, mas nas horas que passei com este modo, foi aqui que senti bastante a inconsistência deste sistema. Haviam provas em que me destacava dos meus adversários e criava largas distâncias que me permitiam gerir a corrida como bem entendia, sem que houvesse grande ameaça de perder a liderança, mas logo na corrida a seguir os meus oponentes eram ferozes e ao mínimo erro da minha parte eles davam gás e quase sem cometer erros deixavam-me a suar para conseguir recuperar, algumas vezes sem sucesso. Logo a seguir, sem alterar a dificuldade, não encontrava grandes ameaças à vitória, o que me confundiu um bocado: o jogo inclui oponentes influenciados por Inteligência Artificial e não sei se este sistema poderá ser a causa de discrepâncias tão grandes entre provas.
Imagem capturada por Geekinout.pt
As épocas são divididas em vários Acts, que culminam num evento Climax, envolvendo um objetivo adicional em cada prova no final destes atos. Colocando um dos nossos rivais em foco, teremos que finalizar a corrida à frente dele para podermos completar o evento de forma bem-sucedida e acumular mais uns pontos de fama e XP para a nossa conta. Aqui também era óbvio a capacidade supernatural que era atribuída a este adversário em específico, que por vezes era o único que conseguia acompanhar as minhas tiradas velozes e deixava também todos os outros motociclistas a largos segundos de distância. No entanto, se a prova me corresse mal, o meu rival também perdia os seus talentos de condução e, por vezes, até se afundava na classificação, apenas desbloqueando o seu foco absoluto quando eu conseguia recuperar de uma partida em falso. É um método muito artificial de criar desafio, quando já temos métodos suficientes de adequar a dificuldade ao nosso gosto, isto num jogo que visa ao máximo o realismo… acho que isto era algo dispensável.
Em conclusão, o modo Carreira é decente, oferecendo um adequado número de percursos, mecânicas com algum potencial, mas pouco desenvolvidas e boa margem de progressão para o nosso atleta. Ainda assim, a dificuldade inconsistente, menu social básico, pouca customização e falta de uma componente que demonstre a progressão do nosso atleta neste desporto de forma mais natural e fora dos menus são pontos negativos a apontar.
Outras atividades
Se procuras diversão em outros modos, para poderes dar mais uso aos pilotos oficiais da modalidade de Supercross da época atual, aqui podes encontrar alguma variedade:
Rhythm Attack – Percorre longas retas recheadas de lombas e desníveis, numa luta 1v1 para ver quem domina estes terrenos acidentados e chega primeira à meta, em eventos decidido em várias fases ou numa corrida única;
Championship – Seleciona entre todos os percursos disponíveis e organiza campeonatos onde terás a chance de escolher o teu piloto favorito e levá-lo à vitória;
Time Attack – Prova que és um demónio veloz e batalha para obter as voltas mais rápidas em todos os circuitos disponíveis, demonstrando a tua supremacia em cima da mota;
Online Hub – Participa em duelos online ranqueados ou casuais com jogadores à volta do mundo, deixando a tua marca nos Leaderboards do jogo num modo que terá Seasons mensais. Aqui podes também criar lobbies privados para convidar amigos à distância e escolher entre vários parâmetros para customizar a vossa experiência;
Workshop – Constrói as tuas próprias pistas e partilha-as com a comunidade mundial, tendo também a chance de percorrer criações do resto dos adeptos do jogo mais talentosos (ou de malta que conseguir fazer a pista mais árdua de completar).
Incluindo também a opção de Split Screen que te permitirá jogar com alguém no conforto do teu sofá, cadeira ou outro local de conforto, terás a oportunidade de percorrer os 17 mapas de Supercross e os 6 de Motocross a teu bel-prazer.
Todos estes modos, em conjunto com o de Carreira, ajudar-te-ão a avançar no sistema de progressão de cada uma das 9 construtoras disponíveis no jogo, incluindo marcas como a KTM e a Yamaha, que oferecem algumas customizações extra às nossas motas. Outro sistema de progressão disponível é o teu próprio, que vai avançando conforme o XP que vais acumulando ao longo das horas passadas em cima da tua máquina, colocando pela nossa frente recompensas como capacetes e alguma indumentária que podes usar para colocar o holofote no teu piloto. Estes sistemas são incentivos extra para nos levar a passar mais tempo no título, mas os modos disponíveis são um pouco curtos, pelo menos numa ótica de jogador a solo. Se o teu foco são os modos online, estes bónus serão sempre bem-vindos, mas se esse estilo de competição não te interessar e andares mais pelos modos single-player, haverá algum grind envolvido para completar a progressão na sua totalidade.
Imagem capturada por Geekinout.pt
Visuais e qualidade técnica
Pilotando através do modelo base da Playstation 5, a minha experiência correu sem qualquer problema em termos de otimização, atingindo sem suar a meta dos 60 FPS, mesmo em momentos em que as motas se aglomeravam debaixo de chuva e com terra a ser levantada. Com visuais bem conseguidos, pude encontrar variadas arenas de Supercross com bom nível de detalhe, mapas Motocross que foram um ponto alto a nível gráfico, no meu ponto de vista, ao apresentar áreas mais diversificadas e, por fim, as nossas motas receberam também carinho por parte do estúdio. No entanto, os efeitos de ragdoll eram um pouco estranhos em certos momentos, diminuindo a imersão, e as caras dos atletas em si tinham um aspeto um pouco questionável quando comparando com o restante jogo, ainda bem que passam grande parte do tempo com o capacete na cabeça. Pode não ser um jogo com gráficos de arregalar a vista, mas cumpre perfeitamente os objetivos.
No departamento técnico, apesar de não ter sofrido de crashes ou outro problema do género, tenho a apontar momentos em que a física das motos era um pouco questionável, deixando-me ocasionalmente a sacar peões que me sacudiam para o chão sem motivo para tal e, também, várias ocasiões em que, apesar de estar dentro dos limites da pista a fazer curvas um pouco mais apertadas, estes movimentos eram considerados atalhos ilegais que me faziam recuar uns metros para trás, causando bastante frustração. Volto, mais uma vez, a mencionar a dificuldade bastante volátil por parte dos oponentes AI, de forma mais proeminente no modo Carreira, algo que considero ser um ponto técnico a melhorar. Não é uma experiência pristina, mas os problemas que mencionei podem ser facilmente corrigidos e acredito que, em atualizações futuras, estas situações sejam resolvidas.
PRÓS
Bom nível de acessibilidade para novatos do género, sem nunca esquecer o desafio pretendido por veteranos da série;
Visuais sólidos e experiência bem otimizada para a consola;
Condução sólida e satisfatória, recompensando bem a mestria adquirida ao longo das horas nos vários percursos disponíveis.
CONTRAS
Dificuldade inconsistente entre provas por parte dos oponentes AI, levando a altas flutuações do nível de desafio entre corridas;
Bugs relacionados com limites das pistas que causam bastante frustração em certos mapas;
Modo carreira pouco interativo fora das corridas, com falta de imersão e sentido de progressão no mundo do Supercross;
Customização do nosso atleta é quase inexistente, permitindo apenas escolher entre uns escassos penteados e pouco mais.

Veredicto
Monster Energy Supercross 25 é o resultado de 2 anos de trabalho árduo pelo estúdio, culminando numa experiência visualmente mais apelativa e robusta, aproveitando bem a mudança para o Unreal Engine 5. Apelando não só a veteranos, mas também a novatos através de vários mecanismos que tornam esta entrada na série bastante acolhedora, este é um título que não se esquece do que aprendeu com as anteriores tiradas, reforçando o seu foco em condução de bom nível e nunca esquecendo o foco no realismo. Ainda assim, este é um jogo que sofre de alguns problemas, nomeadamente o facto do Modo Carreira ser bastante vazio além das corridas, graças a um menu social básico e a falta de opções interessantes para o jogador, fora da escolha de equipas e melhorias na mota. As físicas por vezes estranhas, oponentes AI com flutuações de dificuldade questionáveis e alguns bugs frustrantes relacionados com limites das pistas também são pontos menos positivos a mencionar, baixando o meu nível de recomendação para fãs do desporto.
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Pedro Gomes
Um verdadeiro amante de videojogos desde muito cedo e sendo o seu hobby preferido sempre, o Pedro tenta agora, como um adulto irresponsável, arranjar tempo para uma jogatana quando os seus dois demónios peludos favoritos o permitem.

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