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Pagar para jogar online: o maior roubo dos videojogos modernos?

Pagar para jogar online
Crédito da imagem: PlayStation

De vez em quando, surge um comentário que resume na perfeição aquilo que muitos jogadores pensam, mas poucos dizem com todas as letras. Ontem, em resposta a este artigo que falava sobre o valor dos jogos oferecidos em 2025 pelo PS Plus, alguém escreveu isto:

Isto devia ser crime: pagas a consola, pagas jogos caros, pagas net e ainda tens de pagar para jogar online. Já para não falar que os servidores são puro lixo.”

A verdade é que… concordo quase a 100%.

Não posso falar sobre a questão dos servidores, porque abandonei o online das consolas há vários anos, e por isso, não tenho experiência recente para falar sobre a estabilidade dos mesmos, mas no resto, o comentário reflete uma realidade que não é muito discutida entre os meios de comunicação e influenciadores de videojogos.

Simplesmente aceitamos que é necessário pagar para jogar online nas consolas – e não é só na PlayStation, é transversal à Nintendo e Xbox – e não há crítica suficiente a uma taxa que não tem muito cabimento.

@geekinout.pt Pagar para jogar online devia ser crime? Talvez não... Mas certamente é uma grande mama para as marcas de consolas, seja a PlayStation, Nintendo ou Xbox. #psplus #xboxgamepass #ps5 #playstationportugal ♬ som original - Geekinout

O absurdo de pagar por uma funcionalidade que já compraste

Vivemos numa altura em que a maioria dos jogos novos custam 80€, principalmente lançamentos anuais populares como Call of Duty e EA Sports FC. É um valor alto, mas ainda assim os jogadores estão dispostos a aceitar esse valor, até porque os custos de desenvolvimento de videojogos dispararam nos últimos anos (juntamente com o custo de vida).

No entanto, caso o jogo inclua multiplayer online, o preço de 80€ não representa a experiência completa nas consolas. Essa funcionalidade fica trancada atrás de uma subscrição adicional. Ou seja, o custo real do jogo não são 80 €. É esse valor mais a mensalidade ou anuidade do serviço online. O preço varia conforme a consola:

  • PS4 e PS5: PS Plus Essencial 12 meses - 71,99 €

  • Nintendo Switch 1 & 2: Nintendo Switch Online - 19,99 €

  • Xbox One, Xbox Series X | S: Xbox Game Pass Essencial - 8,99 € por mês

E aqui está o maior insulto: não estás a pagar por nada de novo. Estás simplesmente a pagar para desbloquear o acesso a algo que tecnicamente já adquiriste.

E isto leva-nos ao ponto mais difícil de engolir. Tanto a PlayStation, como a Nintendo, como a Microsoft recebem uma percentagem de cada jogo vendido na plataforma, seja físico ou digital. Esta percentagem existe precisamente porque a empresa fornece a infraestrutura, garante compatibilidade, certifica o jogo e, claro, disponibiliza servidores e serviços associados.

Então por que razão precisamos de pagar uma subscrição extra para jogar online?

Não faz sentido. A percentagem que as donas das consolas recebem por cada venda (e estamos a falar de milhões e milhões de unidades por ano) já deveria servir para isso. Esse valor foi criado para suportar o ecossistema de cada consola, e isso inclui o online.

Mas, algures no caminho, as empresas descobriram que os jogadores aceitavam pagar mais (curiosidade: a primeira a avançar com isto foi a Microsoft, já no tempo da primeira Xbox). E quando a indústria descobre uma nova fonte de rendimento… não volta atrás.

A PlayStation, Xbox e Nintendo são todas cúmplices na normalização desta prática. A diferença está nos benefícios que cada serviço oferece, mas o princípio é igual: estás a pagar por acesso online, não por um produto novo.

E é por isso que, pessoalmente, abandonei por completo o multiplayer em consolas. Não por falta de vontade de jogar online, mas por recusa em alimentar um modelo de negócios que considero profundamente injusto e retrógrado.

O resultado? Um ecossistema onde a prática de “pagar para jogar online” é vista como a normalidade... quando, na verdade, não há razão técnica ou financeira que a justifique.

Sei perfeitamente que estes serviços oferecem valor adicional além do desbloqueio das funcionalidades online dos jogos, nomeadamente a disponibilização mensal de jogos, no entanto, por que razão tem que estar tudo junto numa subscrição paga?

Não faz sentido. Acredito a 100% em votar com a carteira... e é isso o que tenho feito.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.