Ubisoft levou jornalistas e influenciadores à Disneyland antes de jogarem Star Wars Outlaws
- por Jorge Loureiro
- 7 de agosto, 2024
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Esta é uma discussão que perdura há muito tempo. Será que os jornalistas e influenciadores de videojogos deviam aceitar presentes das editoras?
Há quem diga que não, porque haverá sempre uma influência, por mínima que seja. Há quem argumente que não tem qualquer impacto na cobertura posterior dos jogos daquela editora. Pessoalmente, acho que vai depender da consciência de cada um.
Publicações rigorosas, como o The New York Times, não permitem que os seus jornalistas aceitem presentes, bilhetes e outros tipos de incentivos. Apenas podem receber pequenas coisas cujo valor seja $25 ou menos. No entanto, nem todas as publicações têm um código tão rigoroso.
No mundo dos videojogos, esta discussão voltou à tona com um vídeo do canal alemão Cyberpunk 20xx. O vídeo é bastante longo, mas compila várias publicações de criadores de conteúdo, jornalistas e influenciadores que participaram numa viagem a Los Angeles para experimentar Star Wars Outlaws durante 4 horas. A viagem incluiu (não é certo se foi para todos, ou apenas para alguns) bilhetes para a Disneyland. A Ubisoft também pagou as viagens e estadia.
Como jornalista de videojogos há mais de 14 anos, e tendo participado em múltiplas viagens para cobrir videojogos, sinto-me na autoridade para dar mais luz ao assunto. Continua a ler depois do vídeo.
Como funcionam as viagens a convite das editoras?
Antes de mais, é uma prática comum as editoras de videojogos cobrirem os custos de deslocação em eventos fora do país. A resposta é simples: a esmagadora maioria das publicações não têm capacidade financeira para cobrir este tipo de viagens. Como as editoras querem maximizar a cobertura do seu jogo antes do lançamento, organizam viagens em que múltiplas publicações são convidadas (com estadia e voo pago) para um evento onde podem testar e avançar com as primeiras impressões. Este tipo de viagem tipicamente não dura mais que 1 ou 2 dias, dependendo do sítio. Já fiz dezenas de viagens destas e sublinho: não são férias nem viagens turísticas. Na verdade, são esgotantes e pouco tempo há para desfrutar seja do que for.
Presentes como bilhetes para a Disneyland são mais raros, na minha experiência. Geralmente os presentes que se recebe de editoras são sacos com material promocional do jogo testado, como uma t-shirt, canecas, porta-chaves, e coisas do género. A Electronic Arts também ofereceu bilhetes para a Disneyland numa viagem a Los Angeles para participar num evento de cobertura de Star Wars: Jedi Survivor. Estive presente nessa viagem. Contrariamente à crença comum, não há ninguém a dizer o que temos de escrever ou a fazer pressão para publicar uma cobertura positiva. No entanto, reconheço que pode haver pessoas que se sintam influenciadas para tal.
Built an epic lightsaber at Galaxy's Edge yesterday with fellow #StarWarsOutlaws content creators and explored the park. It was an absolute blast! 😎 pic.twitter.com/4P8aI8MKiP
— The HQ (@theStarWarsHQ) July 12, 2024
Há vários casos registados na indústria de videojogos de publicações a serem colocadas na lista negra de editoras por publicações negativas. O caso mais famoso foi Jeff Gerstmann ter sido despedido da Gamespot por ter publicado uma review negativa. Portanto, naturalmente jornalistas, influenciadores e criadores de conteúdo podem se sentir persuadidos a publicarem impressões positivas para continuarem a ser convidados para futuros eventos. Na verdade, num meio como este, em que o acesso antecipado e atempado a jogos é tão importante para conseguir ter impacto, é quase sempre necessário uma relação de simbiose com editoras de videojogos.
Como nota final, apesar de haver certos jogadores que acreditem que meios jornalísticos estão constantemente a ser subornados, isso não é verdade (novamente, com base na minha experiência). Dito isto, há várias praticas que são questionáveis e questões como esta deveriam ser levantadas e escrutinadas mais vezes para o bem de todos.
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Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.
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