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Vermin review | Aracnofobia com esteróides

Vermin film review

Acho que ainda hoje tenho um pouco de receio de aranhas por causa do filme Aracnofobia (1990). Não entro em pânico se vir uma, mas estou seguro de uma coisa: não gosto delas e não as quero perto.

As aranhas têm sido no cinema e na fantasia um elemento poderoso de terror desde há muito tempo. Assim de repente, lembro da Shelob em Senhor dos Anéis e da tarântula de estimação no primeiro Sozinho em Casa.

Se partilhas deste fobia, mas ainda assim gostas de te sentir arrepiado, então agora tens um novo filme para adicionar à lista: Vermin - A Praga (ou Infested na versão em inglês).

O filme tem origem em França e foca-se em Kaleb, um jovem adulto que tenta ganhar a vida a fazer vários biscastes, incluindo arranjar sapatilhas raras à malta do seu bairro. Kaleb tem um fascínio por animais exóticos e encontra numa loja uma espécie de aranha trazida do deserto e não resiste: regateia o preço com o dono da loja e consegue levá-la para casa.

Já estão a imaginar o que acontece a seguir, certo? A Aranha, a que o realizador Sebástien Vanicek concedeu aquele tipo de inteligência arrepiante para um insecto, consegue escapar da sua "prisão" e não tarda nada a reproduzir-se, infestando um prédio inteiro num bairro social de Paris.

Os pontos positivos de Vermin

A primeira parte do filme é excelente, com um grau crescente de calafrios a subir pela espinha acima. O realizador recorre eficazmente a planos de câmera que começam a aliciar o susto e colocam os espectadores sempre na dúvida de onde é que vai saltar uma aranha para cima de alguém.

O filme sabe "brincar" com os espaços fechados, claustrofóbicos, e onde começamos a colocar as mãos em frente os olhos (espreitando por entre os dedos abertos), e espaços abertos, que nos permitem respirar um pouco de alívio porque nesse contexto as aranhas já não são tão ameaçadoras.

A dose entre sustos e momentos mais calmos para desenvolvimento da narrativa é ideal. Sim, porque este não é um filme apenas sobre aranhas, também há espaço para retratar outras coisas. O filme também é uma crítica e retrato social dos bairros menosprezados de França, ilustrando vários problemas como discriminação e racismo. Mais do que um filme de suspense e terror, mostra como as camadas inferiores da sociedade são tratadas perante um problema que as afecta.

As prestações dos actores são consistentes para o tipo de filme. As discussões e a tensão são palpáveis à medida que a ameaça das aranhas se alastra pelo prédio inteiro. O leque de actores é variado, exemplificando bem a multiculturalidade actual da sociedade francesa e enfatizando a questão da discriminação e racismo.

Os pontos negativos de Vermin

A segunda parte do filme ressoou menos comigo. Não posso exactamente explicar o porquê sem revelar pontos-chave do enrendo e sem estragar o filme para vocês. Vou dizer apenas que entra no campo do exagero e passa mais para o lado da ficção. Por isso, é que no título desta review está aracnofobia com esteróides, porque no final é como se aranhas tomassem esteróides...

Esta medalha serve para jogos, filmes ou produtos que, apesar de algumas falhas, elevam-se acima da média e oferecem uma experiência agradável.

Veredicto

Vermin é um filme que sabe capitalizar na aracnofobia para entregar uma dose generosa de arrepios e sustos. A segunda parte do filme podia ser mais terra-a-terra e tira credibilidade à ideia de que uma infestação de aranhas semelhante à do filme poderia ocorrer na vida real. Se tens medo de aranhas, vai assustar-te razoavelmente. Para os restantes, talvez não.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.