Nintendo Switch 2 – Análise | Vale a pena comprar já ou é melhor esperar?
- por Jorge Loureiro
- 27 de junho, 2025
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Depois de várias gerações a mudar radicalmente de conceito – basta olhar para as diferenças entre a GameCube, Wii, Wii U e, mais recentemente, a Nintendo Switch – a Nintendo parece finalmente ter encontrado a sua fórmula vencedora.
A Switch original, lançada em março de 2017, marcou esse ponto de viragem. E embora haja quem se mostre surpreendido (ou até desiludido) por a Nintendo não ter voltado a reinventar a roda, a Switch 2 representa um passo lógico na evolução da plataforma. Como diz o velho ditado: “If it ain't broke, don't fix it.”
No entanto, isso não significa que a Nintendo Switch 2 seja uma consola idêntica à anterior. A experiência é, sem dúvida, uma evolução significativa em vários aspetos, mas mantém uma familiaridade reconfortante para quem já estava habituado à geração anterior. A interface é praticamente idêntica, com a adição de algumas novidades, como o GameChat, que tem até um botão dedicado no Joy-Con direito.
Além disso, podes jogar praticamente todos os jogos da primeira Switch, o que é uma excelente notícia. A Switch original construiu uma biblioteca enorme ao longo dos anos e, para quem investiu nela, poder continuar a aproveitar esses títulos na nova consola é um verdadeiro bónus.
Qualidade de construção e joy-con magnéticos são um passo em frente
Em termos de qualidade de construção, a Nintendo Switch 2 dá a mesma sensação de consola premium que o modelo OLED da geração anterior entregava. Os materiais têm um toque de solidez e a consola não dobra com facilidade mesmo fazendo força.
A troca para os Joy-Con magnéticos também é um passo positivo, tornando o processo de encaixar e retirar os comandos muito mais simples e intuitivo. Os ímanes são bastante fortes – o que transmite logo uma boa sensação de segurança – mas só o tempo dirá se vão manter essa força com o uso prolongado. Por exemplo, se a Nintendo optou por ímanes de neodímio (algo que ainda não foi confirmado), sabemos que perdem apenas cerca de 5% do magnetismo ao fim de 100 anos. Ou seja, não é propriamente algo com que tenhas de te preocupar.
Na dock a história também mudou... e para melhor. Longe vão os dias daquela dock praticamente oca da Switch original. A dock da Nintendo Switch 2 vem agora equipada com um sistema de refrigeração ativo, pensado para arrefecer a consola quando está ligada à televisão, onde entra em modo overclock para oferecer melhor resolução e desempenho.
Crédito da imagem: geekinout.pt
Conetividade - Só existe um mas...
A nível de conetividade, temos uma porta ethernet integrada (introduzida na Switch OLED), uma saída HDMI, uma porta USB-C para o carregador e duas portas USB-A na lateral. A minha única crítica? A ausência de uma segunda porta USB-C. Isto porque, para ligares acessórios oficiais como a nova câmera (que usa um cabo USB-C para USB-C), tens de o fazer diretamente no topo da consola. E como deves imaginar, não é muito prático estar sempre a ligar e desligar o cabo sempre que tiras ou colocas a consola na dock. Claro que podes contornar isto com um adaptador ou cabo USB-C para USB-A que tenhas por casa — mas não deixa de ser uma solução menos elegante.
O conteúdo da embalagem mantém-se praticamente igual ao da consola anterior. Ao abrires a caixa, encontras a consola (o tablet propriamente dito), dois Joy-Con, a grip para os Joy-Con (que os transforma num comando mais tradicional), dois straps para o pulso (sim, ainda é possível mandar um Joy-Con a voar pela sala), a nova dock e o carregador oficial. O resto — como o Controlador Pro ou a nova Câmera oficial — são extras que tens de comprar à parte. A boa notícia? O Pro Controller da primeira Switch continua a funcionar perfeitamente aqui, e qualquer câmera USB decente que tenhas por casa também é compatível. Não precisas necessariamente de gastar mais dinheiro.
A bateria é o ponto mais fraco da consola
A autonomia da Nintendo Switch 2 é, sem rodeios, o seu ponto mais fraco. A própria Nintendo aponta para uma duração entre 2 a 6 horas, dependendo do jogo. Mas em títulos mais exigentes como Mario Kart World, Breath of the Wild ou Tears of the Kingdom, a realidade anda muito mais próxima das duas horas. Em termos de autonomia, é uma clara regressão face ao modelo OLED da Switch original.
Importa referir que a bateria da Switch 2 tem efetivamente maior capacidade (até mais do que a Steam Deck), mas o novo chip, mais poderoso e capaz de correr jogos como Cyberpunk 2077, também consome mais energia. É o preço a pagar por um salto geracional no desempenho. Ideal? Nem por isso. Ainda assim, consolas rivais como a Steam Deck oferecem autonomias semelhantes ou até inferiores. A conclusão é simples: quem procura potência gráfica numa portátil vai inevitavelmente enfrentar este compromisso.
Ecrã: OLED seria melhor, mas o LCD é aceitável
Antes do lançamento, uma das maiores críticas à Switch 2 foi a ausência de um ecrã OLED. E sim, teria sido melhor. Mas, depois de experimentar ambos os modelos lado a lado, posso dizer que a diferença é menos gritante do que imaginava. Está lá — o contraste, as cores, a profundidade dos pretos — mas no dia a dia, a experiência continua perfeitamente agradável no LCD da nova consola.
Crédito da imagem: geekinout.pt
A Nintendo parece estar a repetir a estratégia anterior: lançar primeiro um modelo base com LCD e, mais tarde, introduzir uma versão OLED. Se for esse o caso, os fãs mais exigentes em termos de ecrã já sabem o que os espera. Fiz também o habitual teste ao sol, para ver se o OLED trazia alguma vantagem relevante em exteriores. A resposta? Não. Ambas as consolas sofrem imenso com brilho insuficiente em ambientes de muita luz. Aqui, o verdadeiro problema está na falta de um pico de luminosidade mais alto.
Crédito da imagem: geekinout.pt
Desempenho nos jogos - Finalmente um upgrade!
Se há área onde a Switch 2 brilha, é no desempenho. A primeira Switch já estava a dar sinais claros de cansaço perante os jogos mais recentes das editoras third-party. O seu catálogo fora dos títulos da Nintendo tinha-se tornado quase exclusivo de indies, ports antigos e coleções retro. Com a Switch 2, tudo muda: no lançamento temos Cyberpunk 2077, Split-Fiction e melhorias significativas em clássicos da casa como Tears of the Kingdom, que agora corre a 60 FPS.
Claro que fica a pergunta: quanto tempo durará este fôlego? A próxima geração da PlayStation e Xbox deve chegar nos próximos dois anos, e com ela um novo salto técnico. A Nintendo corre o risco de voltar à estaca zero, com dificuldades em acompanhar o ritmo. A menos que desta vez opte por lançar um modelo mais potente no meio do ciclo, em vez de se limitar a edições OLED ou com melhor bateria.
No entanto, para já, o desempenho da Switch 2 está ao nível da Steam Deck nos jogos disponíveis em ambas as plataformas. Sim, há diferenças de arquitetura, sistema e ecossistema — mas em termos de performance pura, estão taco a taco. E ainda estamos no início do ciclo de vida da consola. Historicamente, as consolas costumam receber melhorias de desempenho significativas com o tempo, à medida que os estúdios dominam melhor o hardware. Por agora, o único exclusivo de peso é Mario Kart World, que, embora divertido, não é tecnicamente exigente. O melhor ainda está (provavelmente) para vir.
GameChat: uma funcionalidade útil… mas não devia ser paga
Uma das novidades destacadas da Switch 2 é o GameChat, um sistema de comunicação integrado com direito a botão próprio nos novos Joy-Con magnéticos. A ideia parece boa à partida: permitir que os jogadores comuniquem por texto, voz ou vídeo, tudo diretamente a partir da consola. O problema? É uma funcionalidade paga, só acessível com uma subscrição ativa do Nintendo Switch Online — o mesmo serviço necessário para jogar online.
E aqui está o grande entrave. PS5 e Xbox Series oferecem funcionalidades semelhantes sem qualquer custo adicional. Por que razão a Nintendo decidiu colocar algo tão básico como a comunicação entre jogadores por trás de uma paywall é, honestamente, difícil de justificar. Em plena era do Discord e outras soluções gratuitas, exigir pagamento por algo tão fundamental soa a desfasado — ainda para mais, quando essas alternativas oferecem melhor qualidade e maior flexibilidade, mesmo não estando integradas na consola.
A Nintendo pode argumentar que está a oferecer um ecossistema mais seguro ou controlado, mas a verdade é que colocar uma barreira de pagamento na socialização entre jogadores dificulta, em vez de incentivar, o jogo online na Switch 2.
Crédito da imagem: geekinout.pt
O preço é justo?
Esta é uma questão subjetiva, mas na minha opinião, sim — o preço é mais do que justo. A Nintendo tem sido criticada por este ponto, mas os 469,99 € pedidos pela Switch 2 não representam um exagero, sobretudo quando comparamos com outras consolas portáteis no mercado.
Este valor posiciona-a entre a Steam Deck LCD (419,99 €) e a Steam Deck OLED (569 €). A versão OLED da Steam Deck tem, é certo, 512 GB de armazenamento interno, face aos 256 GB da Switch 2, mas a consola da Nintendo compensa com tempos de carregamento visivelmente mais rápidos — sinal de que o armazenamento é mais veloz, mesmo com menor capacidade.
A Switch 2 não é perfeita, e já destacámos vários pontos que precisam de melhorias ao longo desta análise. Mas quando se avalia o conjunto de funcionalidades, portabilidade, catálogo e desempenho, o preço acaba por ser bastante competitivo. Se há algo que não merece críticas neste lançamento, é precisamente o valor pedido pela consola.
Para diversificar esta análise, antes de chegarmos à conclusão, fica também com a opinião do Pedro Gomes, colaborador do Geekinout.pt e que adquiriu a consola no lançamento.
A Opinião do Pedro Gomes sobre a Switch 2:
Na minha opinião uma segunda versão da Nintendo Switch já estava a demorar a vir tendo em conta os problemas da primeira principalmente em suportar ports e mesmo alguns exclusivos menos otimizados ou até mesmo com falta de otimização de todo (Gamefreak cough). Nas quase duas semanas em que a tive comigo, é certamente um enorme upgrade em relação à primeira iteração e não só em termos de performance.
A consola em si é claramente mais premium, com melhores materiais, um ecrã Full HD de 120 Hz bastante bom que apenas peca por não ser um OLED, só para a Nintendo poder vender um segundo SKU daqui a uns anos com um valor maior, e o sistema de íman para os JoyCons é impecável e prefiro-o muito mais em relação aos carris da Switch 1. Também o HD Rumble 2 é espetacular, as colunas igualmente fantásticas, espantando-me quando comparado com outras opções handheld no mercado e até o stand dá-me muito mais segurança em relação ao pedaço de plástico que segurava a consola de pé no dispositivo original. O pacote do hardware no seu geral justifica perfeitamente o aumento de preço para a segunda consola e é de alto nível, com a única ressalva que é a bateria, o calcanhar de Aquiles deste segmento de aparelhos. Pokémon Scarlet na Switch 2 é uma diferença da noite para o dia, parece que estou a jogar algo completamente diferente, bastante mais fluído e rápido e é um upgrade gratuito, talvez porque o estado do original do título em termos de performance era inexcusável…, mas isso são outras conversas.
Os grandes problemas da Switch 2 são mesmo tudo o que rodeia a consola, nomeadamente o Gamechat ser algo que obriga a uma subscrição de NSO quando é gratuito em todas as restantes plataformas, a biblioteca quase inexistente de lançamento com exceção do ótimo Mario Kart World e alguns ports de jogos largamente disponíveis há já alguns anos, a decisão ousada e criticada pela grande maioria dos preços de 89.99€ para os títulos da consola e todos estas picuinhices da Nintendo em termos de bloquear consolas ou cobrar 9.99€ por uma simples tech demo quando a Sony oferece o Astro's Playroom. São coisas desnecessárias que vieram deixar muitas nuvens tempestuosas sobre a empresa nipónica, mas apenas umas gotas num oceano de crescentes políticas pouco amigáveis para o consumidor por parte de grande percentagem da indústria dos videojogos. O único defeito da consola em si é mesmo a sua bateria, que vai à vida com relativa facilidade e ainda demora um pouco a recarregar, mas como utilizador da Steam Deck, este é mesmo um problema geral de handhelds e continua a ser algo um problema da tecnologia disponível que precisa de um grande avanço para satisfazer as necessidades dos jogadores.
Se acho que a consola vale a pena? Para ser conciso, penso que é algo que merece a compra, mas só daqui a uns meses. É certamente um excelente upgrade e melhora praticamente tudo em relação ao antecessor, tirando a bateria que me parece ser um pouco escassa para longas viagens ou sessões deitadas na cama/sofá, mas o catálogo de jogos disponíveis é extremamente escasso e acho que para quem procura variedade de novas experiências, é melhor aguardar mais algum tempo. Contudo, se tiveres títulos que receberam upgrades ou és novo no ecossistema da Nintendo e queres experimentar os seus exclusivos, esta é sem dúvida a consola a comprar e merece bem o valor extra requerido sobre qualquer um dos modelos da Switch 1.
Vale a pena comprar já a Nintendo Switch 2?
Depende — e só tu podes responder a essa pergunta. A decisão de avançar para a Switch 2 nesta fase inicial está diretamente ligada ao valor que dás ao salto de desempenho face à consola original e ao teu interesse nos poucos títulos disponíveis no lançamento. Se Mario Kart World te entusiasma e queres ver jogos como Breath of the Wild ou Tears of the Kingdom a 60 FPS, então já tens razões sólidas para considerar a compra. Fora isso, a oferta de first-party é muito limitada: Welcome Tour, por exemplo, custa 9,99€, mas mais parece uma tech demo. Não está ao nível do Astro’s Playroom da PS5 — que, convém lembrar, é oferecido gratuitamente com cada consola.
Se estás à espera de uma promoção… boa sorte. A consola está a vender como pãezinhos quentes, e a Nintendo tem um histórico conhecido de manter os preços. A Switch original, apesar das promoções esporádicas em lojas, manteve o preço base até ao fim do seu ciclo.
Em suma, tudo depende do teu entusiasmo pelo catálogo atual e pela promessa do que aí vem. Em termos de valor, o preço é justo, e embora a consola não seja perfeita, a Nintendo acertou em quase tudo aquilo que precisava de acertar numa sucessora.
A Nintendo Switch 2 usada nesta análise foi cedida pela Nintendo Portugal.
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Jorge Loureiro
O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.
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