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EA vendida à Arábia Saudita por 55 mil milhões de dólares

EA PIF
Crédito da imagens: EA / Arábia Saudita (edição por geekinout.pt)

A Electronic Arts (EA), uma das maiores editoras de videojogos do mundo, anunciou que vai ser adquirida por um consórcio formado pelo Public Investment Fund (PIF) da Arábia Saudita, a Silver Lake e a Affinity Partners, num negócio avaliado em 55 mil milhões de dólares. Trata-se da maior aquisição em numerário da história no setor do entretenimento.

Os acionistas da EA vão receber 210 dólares por ação, o que representa um prémio de 25% em relação ao valor da cotação antes do anúncio. Após a conclusão, a editora de séries como FIFA (EA Sports FC), The Sims e Battlefield deixará de estar listada em bolsa.

Com esta operação, o fundo soberano da Arábia Saudita reforça ainda mais a sua presença na indústria global dos videojogos. O PIF já é dono da Savvy Games Group, que comprou a Scopely por 4,9 mil milhões de dólares, e detém participações na Nintendo, Capcom, Take-Two, Activision Blizzard e Embracer Group. Agora, ao controlar integralmente a EA, o fundo saudita ganha peso direto numa das editoras mais influentes do Ocidente.

A Silver Lake, gigante do private equity, e a Affinity Partners, fundo de investimento liderado por Jared Kushner (genro de Donald Trump), completam o consórcio.

Risco de “culturalização”?

Embora o acordo tenha sido saudado por Andrew Wilson, CEO da EA, como uma oportunidade para acelerar a inovação e “inspirar gerações futuras”, levantam-se dúvidas sobre o impacto cultural desta aquisição.

O PIF, controlado pelo governo saudita, tem sido acusado por críticos de usar o investimento no desporto e no entretenimento — seja no futebol, no golfe ou agora nos videojogos — como uma forma de soft power, exportando influência e reabilitando a imagem internacional do país, ainda marcado por violações de direitos humanos e fortes restrições culturais.

No caso da EA, que produz algumas das franquias mais populares do Ocidente, a questão é se no futuro poderá haver pressões subtis para alinhar conteúdos com sensibilidades conservadoras do mundo árabe, ou se este será apenas mais um negócio financeiro sem interferência criativa.

Para muitos analistas, isto faz parte de um plano mais vasto da Arábia Saudita: deixar de depender do petróleo e controlar setores-chave da cultura e entretenimento global.

O futuro da EA

A editora vai manter sede na Califórnia e Andrew Wilson continuará como CEO. No entanto, resta perceber como os jogadores — e reguladores — vão reagir à ideia de que a EA, sinónimo de cultura pop e desportiva ocidental, passa a ser controlada por capitais de um regime autoritário. Para já, a promessa é de mais investimento e crescimento.

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.