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Passe Ferroviário Verde: vale a pena? No papel sim, mas na prática a história é outra

Passe Ferroviário Verde
Crédito da imagem: Geekinout.pt

Antes de mais, pode parecer estranho estar a escrever sobre transportes aqui no Geekinout.pt, mas há uma razão muito simples para isso. A verdade é que a grande maioria dos eventos de videojogos e cultura geek em Portugal continuam a acontecer em Lisboa.

Como alguém que vive em Braga, sou obrigado a deslocar-me com frequência à capital para participar nesses eventos. E sei que não estou sozinho: há muita gente de Braga, do Porto e de outras cidades que enfrenta exatamente o mesmo dilema.

Por isso, faz todo o sentido falarmos do Passe Ferroviário Verde: porque, no fundo, este artigo é sobre como continuamos a alimentar a nossa paixão geek… mesmo quando ela exige percorrer meia centenas de quilómetros frequentemente.

Por exemplo, em Novembro estive na Lisboa Games Week. Esta semana fui também de propósito a Lisboa para estar na estreia de imprensa para Avatar: Fogo e Cinzas, de forma a conseguir ser um dos primeiros meios em Portugal a publicar a crítica. Em Maio de 2026, provavelmente estarei no Iberanime 2026.


O que é o Passe Ferroviário Verde?

O Passe Ferroviário Verde foi anunciado como uma revolução: pagar 20 euros por mês para viajar praticamente pelo país inteiro de comboio parece um sonho num país onde os transportes nem sempre são acessíveis economicamente. Um passe válido durante 30 dias, com viagens ilimitadas em muitos serviços da CP, incluindo Intercidades... pelo menos na teoria.

Mas será que este passe compensa mesmo?

E mais importante: compensa para quem precisa de viajar frequentemente, como no eixo Braga–Lisboa ou Porto–Lisboa? Tenho experiência suficiente para te dar uma resposta honesta: o passe é fantástico… até ao momento em que precisas de o usar quando toda a gente também precisa.

Como funciona realmente o Passe Verde

Tu compras o passe (online ou numa bilheteira) e ele fica ativo durante 30, 60 ou 90 dias. Se fizeres o de 30 dias, são 20€. Se fores para os 90, são 60€. Simples e barato.

Podes circular livremente em Regionais, InterRegionais e nos Urbanos fora das áreas metropolitanas que já têm outros passes. A cereja no topo do bolo é poderes usar a rede Intercidades em 2.ª classe. E aqui chega a palavra mágica que muda tudo: reserva.

Nos IC, és obrigado a reservar lugar. E só podes fazer essa reserva nas 24 horas antes da viagem. Sim, é mesmo a partir de 24 horas antes, não é até 24 horas antes. É aqui que as coisas podem complicar-se.

alfa-pendular-cpO Alfa-Pendular não faz parte do Passe Ferroviário Verde (crédito da imagem: CP)

A dura realidade para quem faz Braga–Lisboa

Eu faço este percurso várias vezes por mês. E há uma coisa que hoje já não é segredo para ninguém: Portugal tem mais gente e também existe muita mais mobilidade. Lembro-me perfeitamente que, antes da pandemia COVID-19, era raro um comboio ir cheio para Lisboa, havia sempre um ou outro lugar de vago. Todavia, agora é raro um comboio ter lugares livres.

Resultado?

Às sextas-feiras, sábados, domingos e feriados, quando a maioria das pessoas viaja, é praticamente impossível arranjar lugar na janela temporal permitida para quem tem o passe. Quando as reservas abrem… já estão esgotadas. E lembra-te: só existem dois Intercidades por dia entre Braga e Lisboa (e vice-versa). Dois comboios para uma das ligações mais importantes do país.

O que é que acontece então?

Ou abdicas de viajar… ou abres a carteira para comprar um bilhete normal, seja de comboio como no Alfa-Pendular, seja nas camionetas da Flixbus ou rede Expressos. E aí os tais 20 euros maravilhosos rapidamente viram 50, 80, 100 euros adicionais no mês. A conta deixa de compensar.

O passe está lá, carregado, “ilimitado”… mas torna-se inútil quando mais precisas dele.

Um passe que depende de flexibilidade e de sorte

Se és estudante, freelancer ou alguém com horários maleáveis, e se costumas viajar a meio da semana (de segunda a quinta-feira), o Passe Verde pode ser a melhor compra do ano.

Se, por outro lado, tens de viajar entre sexta-feira e domingo… então prepara-te para uma relação de amor-ódio com este passe. E se aquilo que procuras é planeamento antecipado? Esquece. Não há cá marcar viagem para daqui a uma semana. Não há garantir lugar para o próximo feriado.

Neste momento, isso é impossível com o passe verde para os InterCidades que percorrem o litoral de Portugal.

Intercidades-segunda-classe
O Passe Verde apenas funciona para a 2º classe do Intercidades (crédito da imagem: CP)

Podia ser perfeito. Está quase lá.

A culpa não é do passe. Apesar de nem sempre cumprir o que promete, é uma excelente ideia, com potencial e que oferece um excelente valor para quem tem de viajar frequentemente.

A CP deveria:

  • Permitir que quem tem passe possa reservar com mais antecedência

  • Reforçar a oferta de Intercidades nas ligações mais críticas

  • Atribuir uma quota fixa de lugares por passe em cada comboio

Se o objetivo é incentivar o uso do comboio no país inteiro, então as condições têm de acompanhar a ambição.

Então… vale a pena ou não?

Depende exatamente do teu perfil:

  • Se viajas em horários calmos e és flexível: Sim, vale muito a pena.

  • Se fazes viagens frequentes Porto–Lisboa ou Braga–Lisboa, sobretudo fins de semana: Pode valer zero. Ou até dar prejuízo.

A minha experiência é esta: adoro a ideia. Aplaudo o preço. E já me fez poupar algum dinheiro em dias / meses tranquilos. Mas também já me deixou pendurado mais do que uma vez.


Tópicos / Perguntas frequentes (FAQ)

  1. Quanto custa o Passe Verde? — 20 €/30 dias; 40 €/60 dias; 60 €/90 dias.

  2. Que comboios cobre? — Regionais, InterRegionais, urbanos fora das zonas metropolitanas, IC (2.ª classe, com reserva).

  3. Preciso de reserva com IC? — Sim, obrigatória nas 24h antes.

  4. Quantas viagens posso fazer por dia? — Até duas viagens IC por dia; viagens ilimitadas em outros tipos de comboios.

  5. O passe é reembolsável ou trocável? — Não.

  6. Quem pode adquirir o passe? — Residentes em Portugal; é necessário ter Cartão CP.

  7. Como se adquire / carrega o Passe Verde? — Bilheteiras CP, máquinas automáticas (em Lisboa-AML), ou através da App CP / bilheteira online (cartão digital).

Autor

Jorge Loureiro
Fundador da GeekinOut

O Jorge acompanha ferverosamente a indústria dos videojogos há mais de 14 anos. Odeia que lhe perguntem qual é o seu jogo favorito, porque tem vários e não consegue escolher. Quando não está a jogar ou a escrever sobre videojogos, está provavelmente no ginásio a treinar o seu corpo para ficar mais forte do que o Son Goku.